O acirramento da crise política afetou a paisagem e o comportamento nas “áreas nobres” da Câmara dos Deputados. As duas últimas semanas registraram uma escalada de manifestações favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e à cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Confira cinco delas:
1) Acampamento do impeachment
Desde o dia 21, militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) montaram barracas no gramado em frente ao Congresso Nacional. Eles cobram a abertura do processo de impeachment contra Dilma. O protesto contraria norma conjunta das mesas diretoras da Câmara e do Senado, de 2001, que veda expressamente “a edificação de construções móveis, colocação de tapumes, arquibancadas, palanques, tendas ou similares” no local. Suspeito de ter contas secretas na Suíça e acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cunha permitiu o acampamento.
2) Algemados no Salão Verde
Uma semana depois do início do acampamento, um outro grupo de manifestantes a favor do impeachment se acorrentou a uma das pilastras do Salão Verde da Câmara dos Deputados – também com a permissão de Cunha. Os manifestantes integram a Aliança Nacional de Movimentos Democráticos. Desde o começo do protesto, vários deputados vão ao local para fazer selfies e conversar com os algemados. O mais festejado é Jair Bolsonaro (PP-RJ).
3) Painel da discórdia
Novamente contra as normas da Câmara, deputados da oposição liderados pelo paranaense Valdir Rossoni (PSDB) instalaram na quarta-feira (4) um painel no Salão Verde para expor os parlamentares favoráveis à abertura de processo de impeachment contra Dilma. A manutenção do banner gerou bate-boca e briga entre os manifestantes pró-impeachment e assessores do PT. Dessa vez, Cunha decidiu mandar retirar o painel.
4) Dólares de Cunha
No mesmo dia da confusão do painel, um manifestante do Levante Popular da Juventude entrou no Salão Verde durante uma entrevista coletiva e jogou imitações de notas de dólar com o rosto de Cunha contra o rosto do presidente da Câmara. “Trouxeram sua encomenda da Suíça”, disse Tiago Ferreira, 26 anos. Membro da União Nacional dos Estudantes, tradicional aliada do PT, Ferreira foi imobilizado e detido pelos policiais legislativos da Câmara.
5) Corrupção Brasil-Japão
Ao lado do aliado e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado paranaense Fernando Francischini (SD) mostrou nesta quinta-feira (5) ao príncipe Akishino, do Japão, um cartaz explicando os motivos pelos quais defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Queremos o #impeachment da presidente Dilma, pois desejamos que o Brasil se torne honrado como o Japão”, dizia o material (em tradução do inglês). Francischini e o seu partido, o Solidariedade, são os maiores parceiros de Cunha, investigado pelo suposto recebimento de US$ 5 milhões em recursos desviados do escândalo de corrupção na Petrobras.
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