Belém (Folhapress) Cerca de 2 milhões de pessoas participaram ontem do 213.º Círio da Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA), o maior evento religioso do Estado. A estimativa é da Companhia Paraense de Turismo, a Paratur.
Antes do dia clarear, milhares de pessoas já circulavam pelas ruas Belém em direção ao ponto de partida da procissão. Os "promesseiros" como são chamadas as pessoas que participam do cortejo foram os que chegaram mais cedo na esperança de segurar a corda que é puxada durante a procissão e cumprir uma penitência por alguma graça alcançada.
Aliás, a cena dos fiéis que fazem de tudo para manter as mãos na corda, que tem cerca de 300 metros de comprimento e precede o altar da Nossa Senhora Nazaré, é a mais emocionante da procissão. No passado, essa corda servia para puxar a carroça que levava a imagem da santa. Como chove muito na região e naquela época não havia asfalto na cidade, as ruas ficavam todas enlameadas. Com isso, a carroça atolava e precisava ser puxada. O ato virou o símbolo da penitência durante o Círio.
Maria dos Remédios, 39 anos, puxa a corda há nove anos. "Fiquei dois meses sem andar, fiz uma promessa à santa e ela me atendeu". É comum entre as pessoas que puxam a corda promessas para passar no vestibular, curar doenças, casar, entre outras. Roberval Farias Mendes, 42, percorreu toda a procissão com um barco de 10 quilos na cabeça em homenagem ao Papa João Paulo 2.º, morto em abril deste ano. "Há 20 anos faço a procissão carregando um barco. A cada ano venho com um diferente", conta.
A cantora Fafá de Belém participou dos festejos cantando hinos de louvor. Os fiéis que participavam do cortejo chegaram a parar para ouvir uma das artistas mais conhecida do estado. Por diversos momentos, ela teve de pedir que os romeiros continuassem caminhando. "Vamos gente, é lindo, mas não podemos parar. Viva Nossa Senhora!" A procissão começou por volta das 7 h e terminou em torno do meio-dia. Este ano o cortejo foi mais rápido da década. No ano passado o Círio durou quase oito horas.
No rio
No sábado que antecede o domingo do Círio, os paraenses fazem uma romaria fluvial que reúne embarcações de diversos tipos e tamanho. Segundo o capitão-de-mar-e-Guerra da Capitania dos Portos do Pará, Vamberto José Patriota, pelo menos 250 embarcações participaram do evento, que acontece desde 1986.