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O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) disse, por meio de nota à imprensa, neste sábado (29), que nunca interveio em operações do Banco do Nordeste. Ele afirmou ainda que vincular seu nome a alguma suposta irregularidade praticada pelo Diretor de Administração do banco, Victor Samuel Cavalcante da Ponte, que é seu amigo e foi responsável por arrecadar recursos para a campanha do deputado em 2006, "é forçar notoriamente a barra".

De acordo com reportagem da edição da revista "Época" deste fim-de-semana, Ponte está sendo investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraude no Banco do Nordeste. E responde, também, a processo administrativo, aberto por ordem do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Victor Ponte foi responsável pela arrecadação de recursos para as campanhas de Ciro e de seu irmão, Cid Gomes, governador do Ceará, nas eleições do ano passado.

Segundo a reportagem, ele é acusado de assinar de maneira irregular um acordo que teria reduzido de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste, em junho do ano passado, descumprindo uma proibição expressa da Advocacia-Geral da União (AGU). De acordo com a "Época", Ponte teria assinado sozinho o acordo. No entanto, como diretor-administrativo, não teria competência funcional para isso.

Na mesma época, segundo a revista, Ciro Gomes teria mandado a empresários do Ceará uma carta em que indicaria Ponte como seu "amigo". Na mensagem, teria dito que Ponte falaria em nome dele, de seu irmão e até do PSB, sobre "a contribuição que o partido desenvolverá nas eleições próximas de outubro do corrente ano [2006]".

Também de acordo com a reportagem, Mantega teria telefonado para Ciro Gomes antes de determinar a abertura do processo administrativo contra Pontes para avisar da medida, já que o deputado é amigo de Pontes há muitos anos. "Recomendei a ele [Mantega] o que sempre fiz ao longo de minha vida pública: a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões", afirmou o deputado.

Leia a nota na íntegra

A propósito da matéria "O amigo problema de Ciro", publicada pela revista ‘Época’ em sua edição de 1° de outubro de 2007, venho, em atenção à opinião pública, esclarecer o que se segue:

1. Ao contar uma suposta irregularidade ou erro cometido por um diretor do Banco do Nordeste, que é meu amigo há muitos e muitos anos, a revista tenta estabelecer ligação entre esse fato e a minha pessoa;

2. Jamais, nem por exceção, pratiquei qualquer ingerência em qualquer operação do Banco do Nordeste. Vale esclarecer, aliás, que o Banco do Nordeste é subordinado ao Ministério da Fazenda, e não ao Ministério da Integração Nacional, que dirigi até março 2006. Querer vincular meu nome a este assunto é forçar notoriamente a barra, pelo fato de ser amigo de um funcionário do segundo escalão do Banco;

3. Informado, dias atrás, deste assunto pelo ministro Guido Mantega, recomendei a ele o que sempre fiz ao longo de minha vida pública: a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões.

4. Como bem esclarece a reportagem de Época, minha posição sobre episódios dessa natureza é clara: se houve, da parte de quem quer que seja, algum erro ou irregularidade, esse alguém deve ser punido na forma da lei. Neste caso, o acusado alega ser absolutamente inocente de qualquer ilícito. Se não for verdade, que pague a mais severa punição. Para mim, sempre foi assim: quem errou, que pague.

Ciro Gomes.

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