Em nota divulgada nesta quinta-feira (8), o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) se diz "tomado de forte indignação" e "revoltado" por ter seu nome envolvido na Operação Lava Jato e pediu acareação com o policial federal que o acusa de ter recebido R$ 1 milhão do doleiro Alberto Youssef, em 2010.
Reportagem da Folha de S.Paulo desta quinta mostra que, em depoimento à PF em 18 de novembro passado, o policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse ter entregue o dinheiro a mando de Youssef, em uma casa em Belo Horizonte.
"Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal", disse Anastasia.
"Estranha-se assim o motivo da alegada entrega de recursos. Por outro lado, pelo que se vê do dito depoimento, também é muito estranho o alegado encontro de um governador de Estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro", acrescentou o ex-governador.
Na nota, Anastasia diz ainda ter uma vida pública bem conhecida dos mineiros e que seu único patrimônio "é moral, não tendo amealhado bens no exercício dos diversos cargos públicos". "Sempre tive exemplar comportamento, reconhecido por todos."
Ele disse ser uma acusação "falsa e absurda" que gera nele "indignação" e "revolta", e levanta a hipótese de ser uma estratégia dos "culpados" na Operação Lava Jato, envolvendo pessoas da oposição ao PT."Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito desta operação, mas sem dúvida misturar falsidades com fatos verdadeiros possa ser uma estratégia dos culpados", disse Anastasia.
Ele ainda acrescenta: "Diante deste depoimento, que tive conhecimento ontem, pelo jornal [Folha], já constitui advogado com o propósito de solicitar o completo esclarecimento do episódio, por todos os meios possíveis, inclusive acareação com o acusador, verificação de qual seria a tal casa, a data deste alegado encontro, o meio de locomoção utilizado e todos os demais elementos para demonstrar, de forma cabal, a inverdade do depoimento".
No depoimento à PF, o policial disse que, tempos depois de ter entregue o dinheiro, ao ver os resultados eleitorais, identificou que quem ganhou a eleição era Minas era a pessoa a quem teria entregue o dinheiro.
Foi mostrada, então, uma foto ao policial pela PF. Careca disse que a pessoa que aparece na fotografia "é muito parecida com a que recebeu a mala enviada por Yousseff".
Anastasia era vice-governador de Aécio Neves (PSDB) e assumiu o governo de Minas em abril de 2010, com a renúncia do hoje senador. Já como governador, ele concorreu à reeleição naquele mesmo ano e foi eleito para o novo mandado, que cumpriu até março de 2014, quando renunciou e se candidatou ao Senado.
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