As eleições de 2014 aumentaram as bancadas conservadoras do Congresso Nacional, mas também elegeram a Câmara com a maior quantidade de novos deputados desde 1998: foram 198 parlamentares eleitos pela primeira vez. Já no Senado, apenas cinco reeleitos. Os números podem dar margem para discursos de que a política está se renovando ou, pelo contrário, de que continua se repetindo. Estudos divulgados pela ONG Transparência Brasil favorecem os que acreditam haver uma manutenção. Segundo o estudo mais recente, divulgado pela organização na última quarta, 12, 60% de todos os senadores da próxima legislatura têm algum parentesco político. Já na Câmara, o porcentual de parlamentares com parentesco político em 2015 será de 49%. Os dados dão continuidade a uma lógica que vem sendo constatada nos últimos pleitos.

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Em junho último, a ONG lançou outro estudo, no qual analisava parentesco político de todos os congressistas eleitos em 2010 e dos senadores eleitos em 2006. Nele, os dados traziam pequenas variações em comparação com os da próxima legislatura, já que 44% dos deputados federais eleitos em 2010 têm algum parente na política. No Senado, 64% dos eleitos nos pleitos de 2010 e 2006 tinham algum parentesco político. São variações, para mais e para menos, na casa de cinco e quatro pontos porcentuais em relação aos dados de 2014.

A diferença entre os porcentuais é maior quando se analisam os números referentes aos deputados jovens. Em 2010, 64% dos deputados federais eleitos com menos de 40 anos integravam famílias políticas. Na próxima legislatura, 85% dos deputados federais com menos de 35 anos pertencem a clãs políticos. Ainda que haja a diferença de cinco anos na metodologia, houve um aumento de 21% dos deputados eleitos em 2010 para os eleitos no último pleito.

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Sobrenomes

Práticas de campanha refletem esse aumento dos jovens deputados eleitos. No estudo, a organização cita o uso eleitoral do parentesco, pois muitos deputados federais eleitos utilizavam no apelido político o sobrenome do parente bem-sucedido. Foram os casos, por exemplo, de Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), e Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu (PT).