Brasília - Encerradas as eleições municipais, a campanha para a sucessão na Câmara e no Senado entra com força na agenda do Congresso. Tanto no caso dos deputados quanto dos senadores, a largada será dada em jantares marcados para amanhã. Quando o senador Tião Viana (PT-AC) estiver sentado à mesa com a bancada petista no Senado, sagrando-se candidato do partido à presidência da Casa, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), estará jantando em companhia de líderes de partidos aliados e de oposição, em busca de votos para comandar a Câmara.
O jantar do PT com Viana será na casa do senador Eduardo Suplicy (SP). A idéia da bancada é marcar a arrancada da campanha petista ao Senado não só como prioridade do partido e um desejo do Palácio do Planalto, mas sobretudo como uma alternativa que tem trânsito em todos os partidos e capacidade para representar e fortalecer a instituição.
No caso de Temer, o jantar serviria para conferir à candidatura, lançada em cerimônia pomposa há três semanas, contornos de articulação suprapartidária, com respaldo em todas as legendas.
As eleições na Câmara e no Senado estão marcadas para 1º de fevereiro, e os dois candidatos são bem conhecidos dos eleitores, pois ambos já estiveram sentados na cadeira de presidente das respectivas Casas.
Disputa
O início da campanha a mais de três meses do dia da votação dá a medida do tamanho da briga que ameaça o sossego e a estabilidade política do governo em tempos de crise.
Embora a disputa seja bem menor do que a eleição municipal e o universo de eleitores seja pequeno 513 deputados e 81 senadores , a sucessão no Congresso pode provocar tanto barulho quanto a corrida pelas 5.564 prefeituras. Afinal, ela põe em confronto não só partidos governistas e de oposição, como provoca uma guerra entre senadores e deputados do PMDB.
Em meio a tantos embates, o que mais preocupa é a guerra interna peemedebista embora, no discurso, a prioridade seja eleger Temer presidente da Câmara, o partido ensaia disputar o comando das duas Casas.
Rebelião
A movimentação de senadores do PMDB para lançar candidato próprio à presidência do Senado provocou uma rebelião na Câmara. Pressionado por líderes e dirigentes petistas, que não aceitam que o PT fique fora do comando do Congresso, Michel quer que a bancada do Senado se explique.
"O PT não aceitará o jogo fácil na Câmara e o jogo difícil no Senado", avisou o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP). "Eu boto os 80 votos do PT para você no plenário da Câmara, mas é preciso que haja contrapartida no Senado", cobrou o líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), em conversa com Temer na quinta-feira.
Ameaçado de perder o apoio de petistas de Norte a Sul, o candidato peemedebista propôs uma reunião com os senadores de seu partido o quanto antes, com o claro objetivo de "tirar uma satisfação" do Senado.
Toda a cúpula do PMDB na Câmara trabalha para que os senadores se manifestem oficialmente neste início de semana, reafirmando a prioridade para a eleição de Temer.
Mas os peemedebistas do Senado já fizeram chegar um recado objetivo à bancada de deputados: "Uma declaração oficial, de que o PMDB do Senado não vai disputar a presidência da Casa, Temer não terá."
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