Membro da equipe que formulou o Plano Real, o economista e ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco diz que é possível fazer um paralelo entre o ambiente político que permitiu a elaboração das reformas que controlaram a inflação e a transição que o país poderá enfrentar com o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“A conversa hoje é parecida com a que havia no início do governo Itamar [Franco]”, disse o economista em entrevista após uma palestra na quinta-feira (7), em São Paulo. “Sabia-se que seria difícil aprovar reformas com uma maioria ‘rala’”, lembra.
Brasileiro rejeita “soluções amargas” de Temer para a economia
Leia a matéria completaAo longo do processo de impeachment, se formou uma coalizão que, na sequência, se tornou a base do novo governo. Foi o que construiu a janela de oportunidade para as mudanças que levaram ao Plano Real.
O cenário atual, na opinião de Franco, é complexo porque não se sabe qual parte da coalizão pelo impeachment realmente irá para o governo. Além disso, o PT e outros partidos da base de Dilma tendem a se tornar uma oposição aguerrida, contrária a qualquer reforma mais profunda.
Apesar dessas dificuldades, Franco acredita que há um amadurecimento maior no debate sobre a estabilização da economia. “Hoje você pode falar de reforma da Previdência com uma naturalidade que não existia naquela época”, exemplifica. “Se um novo governo apresentar boas ideias, pode se abrir a janela para as reformas.”
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