Um dia depois das manifestações pelo País, durante as quais grupos isolados pediram a intervenção militar, o Clube Militar publicou uma nota na qual afirma que os protestos mostram que o governo não pode pensar em transformar o Brasil numa Venezuela “impunemente” e que é necessária “onipresente vigilância”.
“(A manifestação) sinaliza aos seguidores do Foro de São Paulo, hoje dirigindo o Brasil, que não podem pensar impunemente em nos transformar em uma ditadura similar à da Venezuela nem mesmo num sofrido Equador ou Bolívia, que já trilham o caminho abominável do que chamam bolivarianismo”, afirma a nota, assinada pelo coronel da reserva I van Cosme Pinheiro, diretor de Comunicação Social da entidade.
O texto O Dia em que o Brasil Mudou foi publicado na seção Pensamento do Clube Militar, divulgada aos integrantes das Forças Armadas associados à entidade. Segundo a nota, a administração atual pratica o “câncer social”, que é a corrupção, e precisa se corrigir. “Não basta mais dizer, em discursos recorrentes, que vai combater a corrupção, se na verdade está praticando esse câncer social em busca de seus interesses.”
Ao falar da “onipresente vigilância”, a nota aponta uma “sanha despótica” no governo Dilma Rousseff. “Havemos de ter, a partir de agora, uma onipresente vigilância quanto ao que o governo pretende nos impor e quanto às medidas a serem implementadas por ele, prometendo buscar soluções para os problemas que nos afligem, diga-se de passagem, gerados por ele próprio em sua sanha despótica.” Ainda de acordo com o texto, “toda a moral brasileira tem que ser revista em todos os níveis”.
A nota destaca que as Forças Armadas dedicam-se “exclusivamente” aos interesses nacionais, mas não menciona os pedidos de intervenção feitos por uma minoria. “Não se olvide também que o Brasil, diferentemente desses nossos vizinhos, tem Forças Armadas avessas à execução de políticas partidárias e ideologias em seu âmago, dedicando-se, exclusivamente, aos interesses nacionais”, afirmou o coronel.
O texto termina com exclamações, dizendo que o Brasil mudou ontem. “Entendam bem: mudou para sempre e para melhor!”
A entidade se autoproclama a “A Casa da República” e diz ser a favor da democracia.