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O governo precisará cortar pelo menos R$ 40 bilhões do Or­­çamento de 2011 – que é de mais de R$ 2 trilhões – para atingir o objetivo da presidente Dilma Rousseff de conter o crescimento das despesas e assim poupar o Banco Central de elevar excessivamente a taxa de juros. O cálculo é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

"É uma tarefa complicada do ponto de vista político. As escolhas serão difíceis", admite o gerente-executivo do núcleo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. O próprio estudo elaborado pela entidade dá uma mostra dos dilemas a serem encarados pela equipe econômica.

Ao mesmo tempo em que recomenda e apoia o corte de R$ 40 bilhões, a CNI apresenta uma lista de projetos que, na sua opinião, deveriam ser poupados das tesouradas de Dilma. O estudo deverá ser entregue nesta semana à ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Os industriais querem que o governo preserve grandes projetos de transporte, como as ferrovias Norte-Sul, Oeste-Leste, Ferronorte e Transnordestina. Pedem também que prossigam os investimentos na BR-163, ligando Mato Grosso a Santarém (PA) e a construção de usinas elétricas já em andamento. Também deveriam ser poupadas as ações de fomento à pesquisa e inovação, os programas Minha Casa, Minha Vida e Água para Todos, entre outros.

Efeito

Técnicos dizem que os cortes deverão recair sobre "os mesmos de sempre": investimentos que não fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), emendas de parlamentares e programas ainda não iniciados. A tarefa em curso é passar um pente-fino em todo o Orçamento para identificá-los. Enquanto isso não é concluído, o governo adotou, preventivamente, um bloqueio geral das despesas.

"Se o governo não fizer o corte, a escolha natural é a política monetária, com todos os efeitos negativos que isso tem para o investimento, o crescimento e o câmbio", disse Castelo Branco. Ou seja: se as despesas não forem contidas, restará ao Banco Central elevar os juros para conter a inflação. A alta dos juros tornará o crédito mais caro para pessoas e empresas e elevará o custo dos investimentos.

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