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Ricardo Lewandowski é presidente do CNJ. | Nelson Jr./SCO - STF
Ricardo Lewandowski é presidente do CNJ.| Foto: Nelson Jr./SCO - STF

Por decisão da corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Nancy Andrighi, o Justiça Aberta, banco de dados que permite o monitoramento do trabalho de magistrados, foi desativado. Com isso, juízes de todo o Brasil foram desobrigados de enviar ao CNJ dados mensais sobre a produtividade de suas jurisdições. As informações sobre o número de processos julgados e as pilhas de casos na fila de espera não estarão mais à disposição do cidadão, que ficará sem informações sobre a qualidade da gestão do Judiciário.

Judiciário é menos transparente que outros poderes

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) completou dez anos no dia 14 do mês passado ignorando uma de suas principais funções: dar transparência ao Poder Judiciário. Além da desativação do Justiça Aberta, outra marca negativa registrada pelo CNJ é a falta de regulamentação da Lei de Acesso à Informação, em vigor há mais três anos. Sancionada em 16 de maio de 2012, a lei estabelece que o CNJ é o órgão responsável pela análise de pedidos de informação negados pelos tribunais de todo o país. O julgamento de recursos, entretanto, não ocorre porque a regulamentação não foi levada ao plenário do conselho. Desta forma, o Judiciário é o poder menos adequado à legislação, embora ainda haja problemas tanto no Executivo quanto no Legislativo.

O CNJ informou que não há previsão para que o Justiça Aberta seja reativado, mas afirma que está “trabalhando para a definição de novo modelo automatizado de dados, somente para o setor de estatística dos tribunais”. Segundo o conselho, “a forma de alimentação era manual e erros de digitação comprometiam a base de dados”.

Os únicos órgãos vinculados ao Judiciário ainda obrigados a prestar informações ao CNJ são os cartórios, em periodicidade semestral. Os dados sobre rendimentos e atividades dos cartórios ainda são lançados no banco de dados do Justiça Aberta.

Neide de Sordi, que dirigiu o Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ e hoje é pesquisadora do Instituto Brasiliense sobre Direito Público, lamenta a falta de informações sobre o trabalho dos magistrados. Ela ajudou a elaborar o IDJus, indicador que busca aferir o desempenho nas justiças estadual, federal e do trabalho.

Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-corregedora do CNJ, disse ver com preocupação a postura adotada pela atual gestão do conselho.

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