A discussão de um requerimento apresentado pela oposição para forçar a votação do novo Código Florestal na sessão desta terça-feira (17) levou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o líder do DEM, ACM Neto (BA), a discutirem na tribuna da Casa.
Ao defender a aprovação do requerimento que, se aprovado, colocaria o texto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) em votação nesta terça, ACM Neto criticou Vaccarezza por ter supostamente descumprido o acordo que previa a votação do Código Florestal na semana passada.
O líder do DEM afirmou que Vaccarezza "tinha faltado com a palavra" e havia evitado a votação do código para preservar o próprio cargo de líder do governo. "Entre o cargo público e a palavra, fique com a palavra, deputado Vaccarezza", afirmou ACM Neto, lembrando o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, que quando foi líder do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria ameaçado deixar o cargo para não descumprir um acordo firmado na Câmara.
Irritado com as críticas de ACM Neto, Vaccarezza foi à tribuna da Casa para afirmar que as declarações do líder do DEM "eram uma declaração de guerra". "A fala do deputado ACM Neto é uma declaração de guerra. E quero dizer que aceito essa guerra. Não sou do tipo que o deputado ACM Neto pensa que eu sou. Não estou na liderança do governo para garantir cargo", rebateu Vaccarezza.
A troca de farpas entre os líderes do governo e da oposição fez com que a sessão na Câmara fosse encerrada pela 1ª vice-presidente da Casa, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Ela decretou o fim da sessão antes do início da votação do requerimento do DEM, que solicita uma sessão extraordinária exclusivamente para a votação do Código Florestal.
Rose de Freitas esclareceu que o Regimento Interno atribui ao presidente da Casa a prerrogativa de decidir o dia e o horário de realização dessa sessão. Em razão disso, mesmo que o requerimento seja aprovado, a sessão extraordinária poderá ficar para outro dia.
Na sessão desta terça, o governo pretendia fazer a leitura do relatório da Medida Provisória 517, que poderia receber uma emenda para incluir a aprovação de um regime especial de licitações para obras do Mundial de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016. Os líderes partidários devem realizar uma nova reunião na manhã desta quarta para definir a pauta.
"Canalha, traidor"
Na sessão do dia 11 de maio, quando a base governista tentou começar a análise do texto do novo Código Florestal, uma suspeita de fraude no texto final do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) provocou uma troca de insultos.
A confusão começou quando o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), disse na tribuna que o texto final apresentado por Aldo Rebelo havia sido alterado com relação ao que foi acordado em reunião de líderes às 21h.
Em seguida, a ex-senadora do PV Marina Silva postou no microblog Twitter: "Estou no plenário da Câmara. Aldo Rebelo apresentou um novo texto, com novas pegadinhas, minutos antes da votação. Como pode ser votado?!"
Aldo Rebelo, então, pediu a palavra e disse: "A fala infeliz do deputado Paulo Teixeira (de que Aldo havia alterado o texto em relação ao acordo) deu razão para a ex-senadora Marina Silva, que postou em seu Twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou contrabando de madeira foi o marido de Marina Silva."
Rebelo se referia a reportagens publicadas no ano passado sobre o suposto envolvimento do marido de Marina, Fábio Lima, em fraudes contra o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).
O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) então, gritou para Aldo Rebelo: "Canalha, traidor! Se vendeu para os ruralistas." Sirkis coordenou a campanha à Presidência de Marina Silva em 2010.
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