Pouco mais de 14 anos após o impeachment, o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), 57 anos, fez nesta quinta-feira seu primeiro discurso na bancada do Senado desde que foi eleito. Ele usou a maior parte do tempo para lembrar do processo de cassação que o tirou do poder em 1992. Collor comparou o sofrimento que passou ao dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II a dos presidentes Getúlio Vargas, Jânio Quadros e João Goulart. Classificou o impeachment de "a grande farsa" e não perdoou seus algozes.
- Não foram poucas as versões, mais variadas ainda as interpretações e não menos generalizadas as explicações. Constrangido algumas vezes, contrafeito outras, mas calado sempre, suportei incriminações dos que, movidos pelo rancor, aceitaram o papel que lhes foi destinado na grande farsa que lhes coube protagonizar. Ficou faltando o depoimento de quem enfrentou aqueles episódios - disse.
O ex-presidente contou das dificuldades que teve para conseguir apoio no Congresso, já que a coligação que o elegeu presidente só consegui 8,4% das cadeiras na Câmara. Ele lamentou que a tentativa de chamar o PSDB para o governo não tenha vingado. A intenção de Collor, na época, era ter José Serra na Fazenda e Fernando Henrique Cardoso nas Relações Exteriores. Mas uma manobra de Mário Covas impediu a entrada dos tucanos no governo.
As relações de Collor com o Congresso foram difíceis desde o começo, relata o senador:
- Minhas dificuldades surgiram logo no início da nova legislatura. Encontrar prudência naquele ambiente era quase impossível. Radicalismo e intolerância eram fáceis de encontrar.
Disse que um de seus grandes erros foi "não ter tido relação adequada com o Congresso". Segundo Collor, num sistema presidencialista, o presidente tem de ser um líder político:
- Fiquei mais na administração - disse.
Collor criticou tanto o relator da CPI do PC, Benito Gama (PFL-BA), quanto o presidente da Câmara na época, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que acatou o pedido do impeachment:
- Sua atuação acabou por tornar o instituto do impeachment um instrumento de vingança política e de desforra particular - disse, com a voz embargada.
Collor disse que a CPI não queria investigá-lo, mas sim incriminá-lo, mesmo sem provas:
- O resultado é que a partir de uma suposição criou-se uma infâmia. A falsidade sempre foi um recurso condenável e deletério, lamentavelmente utilizado na política brasileira, segundo os interesses nela envolvido.
Logo depois de sua eleição, Collor disse que retomava à vida política sem ressentimentos e com o propósito de contribuir para a sociedade brasileira. Ao tomar posse, falou que amadureceu com o sofrimento dos últimos anos e que queria levar sua experiência para os colegas.
Um dia depois de assumir o mandato de senador pelo PRTB, Collor assinou sua filiação ao PTB, dirigido pelo deputado cassado Roberto Jefferson.
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