Em um recado aos congressistas investigados na Operação Lava Jat o, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) disse nesta quinta-feira (16) que todos poderão ser “vítimas” das atuação do Ministério Público Federal que “deturpa” a democracia no país. Alvo de uma ação de busca e apreensão da Polícia Federal em suas residências esta semana, Collor fez um apelo para que o Congresso tome medidas que restrinjam a atuação da Procuradoria-Geral da República – que conduz as investigações da Lava Jato.
Por dentro da garagem de Collor
Saiba mais sobre os carros do ex-presidente da República
Leia a matéria completaO senador fez uma espécie de ameaça velada aos colegas ao afirmar que, assim como ele, todos poderão ser alvo do Ministério Público caso não reajam com medidas mais duras contra o órgão.
“Não se iludam, pois ninguém está livre disso. Daqui mesmo desta Casa, novas vítimas podem sair, novas histórias poderão ser maldosamente construídas. Estamos num terreno de um verdadeiro vale-tudo. O próprio cidadão indefeso, sem imunidades, sem prerrogativas de foro, está ainda mais vulnerável ao estado repressor do Ministério Público Federal”, atacou Collor.
Em apoio a Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a reação do Congresso contra a ação de busca e apreensão da Polícia Federal não é apenas para questionar suas competências, mas de preservação da democracia no país. O Senado considerou uma “invasão” a entrada de agentes da PF em imóveis de senadores sem a apresentação de mandados de segurança à Polícia Legislativa.
Renan também é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, assim como outros 12 senadores, como Edison Lobão (PMDB-MA), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Fernando Bezerra (PSB-PE).
“Nós vivemos um momento grave, preocupante e devemos nos preocupar com a democracia, com a Constituição com a presunção de inocência, contida na Constituição. Devemos nos preocupar com o processo legal. Na democracia, os Poderes têm pesos e contrapesos entre si, e nenhum Poder pode sobrepor outro Poder”, disse Renan.
Janot
Em mais um ataque ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Collor disse que a sociedade brasileira está de um lado, enquanto o “grupelho” comandado pelo procurador quer oferecer à “alcateia o objeto da sua saciedade”.
“Jamais serei intimidado. E gostaria que assim todos agissem sob pena de um dia acontecer”, afirmou.
Collor defende que o Congresso tome medidas contra o Ministério Público para garantir que o órgão “retome suas atribuições e competências originais”. O senador diz que pretende garantir “autonomia e liberdade” a procuradoria, mas com ações que garantam que o órgão atue “estritamente dentro de suas prerrogativas”.
“A democracia brasileira e o Estado de Direito correm perigo. O Brasil corre o risco de se transformar na República de um só Poder. Não se pode permitir a submissão das instituições ao aparato policialesco do Ministério Público. Isso é degradante.”
Além de Renan, Collor teve o apoio dos senadores Telmário Mota (PDT-RR) e Ivo Cassol (PDT-RO). Vizinho do ex-presidente no prédio do apartamentos funcional do Senado que foi revistado pela Polícia Federal, Mota disse que presenciou a ação “espetaculosa” da Polícia Federal que apreendeu bens do ex-presidente da República.
“Vossa Excelência teve seus direitos cerceados, isso fere a democracia. Fizeram uma ação de show. Sou vizinho, vi carros e helicópteros sobrevoando, aquele espetáculo desnecessário. O Senado não vai se ajoelhar a nenhum órgão ou aventureiro que acha que está acima da lei brasileira”, afirmou Mota.
Na terça-feira (14), policiais vasculharam residências de Collor em Brasília e Maceió e a sede da TV Gazeta, afiliada da TV Globo que é controlada por sua família. Também foram alvo da ação os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e os ex-deputados Mário Negromonte (PP) e João Pizzolati (PP-SC).
No caso de Collor, além de documentos e computadores, os agentes apreenderam três automóveis -uma Ferrari, um Porshe e uma Lamborghini. Os veículos estão em nome de empresas.
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