Se você pudesse dar a volta ao mundo passando exatamente pela linha do Equador, teria de andar 40 mil quilômetros. É muita coisa, claro. Mas a se levar a sério a prestação de contas dos deputados federais paranaenses, os carros públicos que eles usam fazem percursos ainda maiores todos os meses. As informações levadas por eles à Câmara dos Deputados dão conta de que os nobres parlamentares gastaram, nos seis primeiros meses de seu atual mandato, R$ 399 mil em combustíveis e lubrificantes. É gasolina suficiente para dar 40 voltas à Terra.

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Para explicar esse curioso fenômeno, primeiro é preciso lembrar o motivo que leva os deputados a informar quanto seus carros andaram a cada mês. Os congressistas têm direito – além do salário e de outras regalias – a uma indenização pelos gastos que fazem para manter seus gabinetes. Podem ser restituídos em até R$ 15 mil por mês. Mas para isso precisam, primeiro, apresentar notas fiscais comprovando as despesas. Podem, por exemplo, declarar que gastaram a verba com gasolina. Ou lubrificantes. E aí aparecem os números.

O limite para gastos reembolsáveis com combustíveis é de R$ 4,5 mil por mês. Há deputados que gastam mensalmente – e com uma regularidade impressionante – o exato valor do teto, R$ 4,5 mil. Imaginando uma gasolina cara, a R$ 2,50 por litro, pode-se calcular que o deputado comprou 1,8 mil litros. Suficiente para encher 36 vezes um tanque de 50 litros. O que dá para fazer 18 mil quilômetros dentro de uma cidade com um carro 1.0.

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Nesta semana, a Transparência Brasil divulgou um estudo comparando os custos de manutenção de 12 Legislativos nacionais. A conta era feita com base nas despesas e no tamanho da população do país. E calculava-se quanto cada habitante pagava para manter a Casa de Leis funcionando. Não será surpresa para ninguém dizer que o do Brasil é o mais caro, mesmo comparando com Congressos de países de primeiro mundo, como França e Itália.

Como já se disse sabiamente, mais caro que ter um Congresso é não tê-lo. O preço da democracia é alto mesmo. O duro é que a gente sabe que, no caso do Congresso brasileiro, muitas vezes o dinheiro do contribuinte vai parar no ralo. Ou, supostamente, no insaciável tanque de combustível dos nossos deputados.

4 discursos foram proferidos pelo excelentíssimo senador paranaense Wilson Matos, que ocupa o lugar de Alvaro Dias desde que, muito tempo atrás, ele se afastou para fazer uma cirurgia no joelho. Além de registrar o sucesso de uma escola pública de Ivatuba, ele pediu mais verbas para o ensino superior privado. Wilson Matos, além de suplente de senador, é dono das faculdades Cesumar, em Maringá.

Os bancos e o desemprego

Um dos principais problemas do país continua sendo o desemprego. Há cerca de 9 milhões de pessoas sem emprego no Brasil. Um dos grandes problemas de qualquer um que tenta usar um banco são as intermináveis filas de caixas e outros serviços.

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Pois veja só outra continha interessante. O lucro líquido dos dez maiores bancos brasileiros em 2006 foi de R$ 28 bilhões. O piso nacional para um caixa de banco é de R$ 1,1 mil. Contando encargos, 13.º e tudo o mais, vamos supor que um funcionário saísse por R$ 30 mil por ano.

Fazendo a conta, dá para imaginar o seguinte. O lucro líquido desse pessoal seria suficiente para contratar 10% dos desempregados do país. Mais de 900 mil pessoas. Claro que eles não fariam isso jamais. Mas vamos que esses empresários pensassem um pouquinho no desenvolvimento do país, como sempre dizem pensar. Se abrissem mão de 10% de seus magníficos lucros, seriam mais 100 mil empregos criados. Dá para imaginar o que é isso?

E eu aposto que um banco que diminuísse significativamente as filas conseguiria muito, muito mais clientes do que a concorrência.

Bom exemplo

A nova diretora de Trânsito de Curitiba, Rosângela Batistella, jura que dá o exemplo. A engenheira, que foi anunciada ontem como a nova titular da Diretran conta que vai de ônibus todos os dias para o trabalho. Deixa o carro para a filha ir para a faculdade. Quem sabe com alguém influente na Urbs usando o transporte coletivo o órgão começa a cobrar que as empresas de ônibus melhorem o serviço. Hoje, às seis da tarde, são as famosas latas de sardinha.

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