"Vemos o próprio legislador estabelecer para ele uma regra melhor do que para o povo. Sob o ponto de vista ético e moral, isso é absolutamente reprovável."

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Alberto de Paula Machado, presidente da OAB-PR

Há exatos 30 anos, a cena foi vista pela primeira vez. Um anão, de nome Tattoo, via chegar um avião de passageiros. Quando as pessoas desembarcavam, ele dava às boas-vindas. Todos acabavam de chegar à Ilha da Fantasia. O patrão de Tattoo, o senhor Roarke, tinha a incrível capacidade de realizar os desejos de seus hóspedes.

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A série acabou. O ator que fazia o personagem de Tattoo já morreu. Mas se estivesse vivo, poderia esperar a cada quatro anos uma nova leva de deputados estaduais. Explicaria a eles, na entrada da Assembléia Legislativa, que acabavam de chegar a um lugar mágico onde todos os seus desejos podem ser realizados.

A semana que passou foi mais um exemplo de como coisas impossíveis são conquistadas pelos hóspedes de Nelson Justus – uma versão paranaense do senhor Roarke. Para começar, os deputados tiveram sessões regulares em apenas dois dias. Normalmente, trabalham quatro dias por semana – um ritmo estafante. Mas dessa vez, como havia o aniversário de Irati no meio do caminho, sete deputados foram a uma "sessão solene" na cidade. Alguns poucos participaram de reuniões de suas comissões. Os outros? Bem, ninguém é de ferro. Fizeram um fim de semana prolongado, de cinco dias. Coisas da Ilha da Fantasia.

Mas o descanso foi mais do que merecido. Nos dois dias em que fizeram votações, os deputados trabalharam duro para ver mais um desejo se tornar realidade. E aprovaram um fantástico plano de previdência para eles mesmos. Funciona assim: os deputados entram com parte da grana. Mas eles perceberam que isso não dá para fazer um caixa polpudo o suficiente. Rápidos no gatilho, nossos representantes logo acharam uma solução: a Assembléia entra com o resto.

Brilhante! Tudo resolvido. Tudo muito bem, não fosse por um detalhe. Esse dinheiro, "da Assembléia", na verdade é de cada um dos paranaenses. Quem pagará a diferença é o camarada que ganha salário mínimo e que só pode contribuir para o INSS com uma quantia suada, que lhe garantirá uma aposentadoria irrisória.

Mas na Assembléia Legislativa as coisas funcionam diferente. Talvez nem mesmo Tattoo tenha chegado a ver algo do gênero.

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Brindes para todos!

O deputado Edson Praczyk parece já estar gastando por conta o dinheiro de sua futura aposentadoria. Simpáticas mocinhas andam distribuindo pelas ruas canetas com a seguinte mensagem: "digite o código x e ganhe um presente". Logo a seguir, informa o endereço do site do deputado. Quem entra lá vê que o brinde é um calendário personalizado. Para ganhar, basta preencher corretamente o formulário, informando nome, endereço, e-mail, telefone e data do aniversário. A promoção é válida até 2010. Curiosamente quando acaba o atual mandato do deputado.

Merenda

Essa vai a pedido dos alunos da Escola Municipal Olívio Soares Sabóia, na divisa entre a CIC e a Fazendinha, em Curitiba. Eles dizem que a merenda escolar está muito ruim. No meio da manhã, só é servido um doce, de que os estudantes normalmente não gostam. E o macarrão da hora do almoço também não tem feito lá muito sucesso. O prefeito Beto Richa, se quiser fazer uns votos na região, vai ter que caprichar mais no cardápio.

Computadores alaranjados

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A CCE, famosa empresa do "conserta, conserta e estraga" deu mais um passo na aproximação com o Paraná. Primeiro, participou de uma licitação para fornecer 22 mil televisores cor-de-laranja para as escolas públicas do estado. Em parceria com a Cequipel, a maior doadora de recursos para a campanha do governador Roberto Requião, levou o contrato, que valia R$ 19,1 milhões. Agora, segundo o governo do estado, a CCE vai instalar uma fábrica de computadores na Lapa. As candinhas da praça já se fazem duas perguntas para lá de intrigantes. Primeiro: terá havido um acordo mais amplo entre governo e empresa? Segundo: os computadores produzidos na Lapa também serão cor-de-laranja? Só o futuro dirá.