Alvaro Dias costuma dizer que não perdeu a eleição de 2002 para seu adversário direto, Roberto Requião. Perdeu para a onda Lula. O mesmo pode ser aplicado a seu irmão, Osmar. A onda Lula parece ter sido fundamental para que Requião vencesse a disputa. O governador só recebeu o apoio do presidente no fim do segundo turno. Fechou a eleição com 10 mil votos de diferença para o adverário. Se não fosse Lula...

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A tal onda Lula nunca esteve tão grande como agora. A aprovação do presidente atinge índices recordes a cada rodada de pesquisa. O moral do presidente é tão grande que foi capaz de elevar uma burocrata com fama de mal humorada à condição de presidenciável com chance de vitória – e isso num país machista como o Brasil.

Pois hoje a onda volta a Curitiba. Lula estará na Boca Maldita no fim da manhã. Usará sua popularidade e sua retórica principalmente em favor de Dilma. É por ela que o presidente se empenha mais. Mas cumprirá também o acordo com Osmar Dias e levantará sua bandeira em frente ao público curitibano.

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Não é à toa que a turma de Os­­­­mar parece empolgada com a visita de luxo. Numa eleição apertada como a atual, Lula pode novamente ser o fator de desempate. Mesmo porque, no restante, Osmar e Beto Richa têm basicamente a mesma força.

Apoio da máquina pública? Osmar conta com o governador do estado, Orlando Pessuti; Beto Ri­­­­cha tem seu ex-vice, o prefeito de Curi­­­tiba, Luciano Ducci. Dinheiro de empresários? Os dois já mostraram em campanhas passadas que são bons de arrecadação. Tempo de televisão? Os dois montaram coligações fortes. Deputados e prefeitos? A disputa também é acirrada.

Beto e Osmar também contam cada um com o apoio de um presidenciável de peso. Beto tem José Serra. Osmar tem Dilma. Mas, convenhamos, nenhum dos dois tem retórica ou influência no Paraná para ajudar a mudar o quadro por aqui.

Beto teria vantagem se Alvaro Dias tivesse sido mantido como vice de Serra. Seria uma chapa mais ligada com o estado, e a presença de Alvaro no palanque e na televisão poderia tornar Serra mais simpático para os paranaenses. Com Indio da Costa, claro, isso não acontece.

O resumo da ópera parece ser que a eleição no Paraná será decidida palmo a palmo, voto a voto, como nas últimas vezes por aqui. Cada cabo eleitoral está sendo disputado no tapa: o prefeito da menor cidade está sendo cortejado pelos emissários dos dois lados. Imagine só o estrago que um cabo eleitoral com o peso de Lula pode fazer.

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De mais a mais, a presença de Lula na cidade parece marcar o início real da campanha por aqui. Até agora, a campanha se reduziu a pequenos eventos nos bairros e ao noticiário no jornal. Só quem segue blogs de política ou é funcionário público parece realmente empolgado com a eleição.

O único evento de maior peso até o momento foi a presença de José Serra no primeiro fim de semana de campanha oficial. Mas na época não houve comício, apenas uma caminhada. E como não havia nem mesmo CNPJ para as candidaturas, nem material de divulgação em grande quantidade existia (o pouco que havia ainda foi alvo de contestações pelo pessoal de Osmar).

Hoje, não. Tem Lula no palanque. E os dois lados sabem que isso quer dizer campanha pesada na rua. Será suficiente para decidir o quadro local? Isso só saberemos em outubro.

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