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"É impressionante o número de pessoas que passaram a ganhar de mim no golfe depois que eu deixei a Casa Branca."

George Bush pai, falando sobre o fascínio do poder.

O governador Roberto Requião proibiu o jornal O Estado do Paraná de circular em repartições públicas estaduais. A razão, segundo ele anunciou publicamente, é o fato de que o jornal, ao publicar anúncios classificados eróticos, está incentivando a prostituição e o lenocínio. "Não podemos estimular a corrupção ou prostituição de pessoas", afirmou na escolinha, terça-feira. Uma ação moralizante, portanto.

Mas, espere aí. Anúncios do gênero são publicados há muito tempo no jornal. Na verdade, em 2002, só como exemplo, eles já estavam todos lá. No entanto, quatro anos atrás o governador parecia não se incomodar muito com o que hoje chama de incentivo à prostituição. Chamou o proprietário do jornal, Paulo Pimentel, para ser candidato a senador em sua chapa. Depois, escolheu-o como presidente da Copel.

Não foi só esse o vínculo de Requião com o jornal. Na campanha para o governo de 2002, o governador recebeu polpudas doações do grupo Paulo Pimentel. Foram cinco cheques: quatro das tevês, somando R$ 400 mil. E um da empresa O Estado do Paraná, valendo R$ 50 mil. Tudo registrado no Tribunal Regional Eleitoral.

Todos os cheques foram assinados em um só dia, pertinho do primeiro turno das eleições: 29 de outubro. Se seguirmos o raciocínio do próprio governador, nesse dia Requião pode ter aceitado usar para sua campanha eleitoral dinheiro vindo do lenocínio, da prostituição e da exploração de pessoas.

A verdade, porém, é que não são os anúncios que irritam o governador. No seu próprio discurso na escolinha, ele falou um pouco mais sobre o jornal de Paulo Pimentel. "Além de bater irracionalmente no governo, mentir sistematicamente, o jornal promove a prostituição nas suas páginas", disse. E falou um pouco mais. "Do jeito que está, não dá. É um jornal que deixou de atender às premissas básicas da informação."

Quais são as premissas básicas da informação? Isso, só podemos especular. Mas dando uma olhada nos jornais que levam fatias generosas da publicidade governamental – entre eles jornais que exploram bem mais a sexualidade do que O Estado do Paraná – pode-se ter uma idéia do que o governador quer da imprensa.

Recorte e cobre

O cidadão e leitor ganha um lembrete para atazanar o poder público dentro de algum tempo. Afinal, os políticos prometem. E alguém tem de lembrá-los de cumprir.

Então, lá vai:

A prefeitura de Curitiba aumentou a passagem de ônibus um mês atrás. Na época, prometeu por escrito fazer a atrasadíssima licitação do sistema de ônibus. O prazo acaba em julho.

O governo do estado ficou de fazer uma licitação nova para escolher quem vai fazer as carteiras de habilitação dos paranaenses. O negócio vale R$ 15 milhões por ano. E enquanto não há nova concorrência, vai ficando nas mãos da American Banknote, doadora da campanha de Requião, que ganhou a última licitação em 2003.

Cargos

Gustavo Taniguchi, filho do ex-prefeito Cassio Taniguchi, mandou simpático e-mail corrigindo uma informação. Ele diz que nunca teve cargo na Urbs, diferentemente do que foi publicado aqui na semana passada. Registrado.

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