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A Câmara de Curitiba gastou R$ 53 mil em troféus. Serão distribuídos ao longo do ano para os cidadãos que os vereadores decidirem homenagear. Não faltarão oportunidades. Um dos gestos mais comuns dos vereadores é prestar homenagens: há mais de duas dezenas de prêmios concedidos anualmente pela Câmara. Há prêmios para policiais, para esportistas, para mulheres empreendedoras, para jornalistas, para todos. Porque no fim das contas o que os vereadores querem é ficar de bem com todo mundo. E um trofeuzinho sempre ajuda.

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Os vereadores de Curitiba pouco têm aparecido no noticiário por questões relevantes. Já é alguma coisa. Dois anos atrás, apareciam o tempo todo, mas sempre ligados a escândalos: era o tempo de João Cláudio Derosso e dos contratos que o levaram a cair da cadeira de presidente. Seu sucessor, Paulo Salamuni (PV), tem sempre congratulado a si mesmo por ter ajudado a tirar o Legislativo municipal das páginas policiais. Merece lá seus elogios por isso. Mas calma com o andor, que só viver sem escândalos é pouco.

Claro: houve outros avanços, especialmente na área de transparência. Para ficar em um exemplo, foram publicados os salários dos funcionários da Câmara. Mas se isso ajuda a população a ter mais controle sobre o que ocorre por lá, dá também o desgosto de ver o quanto custa o Legislativo – e quão pouco nos dá em troca. O mérito da atual gestão existe, claro. Mas deixemos claro: transformou a Câmara de algo pouco útil e muito perdulário em algo pouco útil e menos perdulário.

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Parte do problema não é culpa dos atuais vereadores. A lei brasileira deixa pouca coisa para que eles proponham. Não podem legislar sobre quase nada. Sempre que fazem um projeto mais interessante, corre-se o risco de que ele caia simplesmente porque não se podem criar mais despesas para o município. Isso os vereadores não podem mudar. Têm de conviver com essas amarras. O problema está em outro ponto: no fato de eles se recusarem a comprar brigas. A lutar de fato pela cidade.

A primeira obrigação, nesse caso, seria a de fiscalizar o prefeito. O Legislativo serve em grande medida para isso. Para ser um contrapeso ao poder do Executivo. Só que os vereadores gostam de ficar bem com o prefeito. Ou ele pode não fazer as obras que eles querem dizer que conseguiram para o bairro. Ou pode fazê-las e não chama-los para papagaio de pirata no palanque da inauguração. Pior: pode chamar o rival. E como o vereador não tem outra coisa que mostrar (sem ser o clientelismo), precisa fingir que é autor de obras para conseguir seus votos.

Neste mandato, os vereadores começaram bem. Fizeram uma CPI para investigar o transporte coletivo. Mas fizeram simplesmente porque o antigo prefeito não havia sido reeleito e ficou mais fácil criticar seus atos, seus contratos. Depois, o impulso fiscalizador passou. E os nobres vereadores, não querendo investigar, fiscalizar ou criticar o novo dono do pedaço, voltaram a sua pouca significância. Pelos próximos dois anos, darão nomes a praças e comprarão troféus, na esperança de agradar gente suficiente para conseguirem um novo mandato.

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