"Eu devo estudar política e Guerra para que os meus filhos tenham liberdade para estudar matemática e filosofia. Meus filhos têm de estudar matemática e filosofia, geografia, história natural, arquitetura naval, navegação, comércio e agricultura, de modo que possam dar aos filhos deles o direito de estudar pintura, poesia, música, arquitetura, estatuária, tapeçaria e porcelana."
A declaração acima foi dada por John Adams, segundo presidente dos Estados Unidos. Ele falou isso no final do século 18, quando seu país estava em guerra com os britânicos, para conseguir sua independência. Traduzindo, ele dizia que primeiro é necessário formar a base de um país, com boa política, para depois fomentar indústria e ciência. E só aí os cidadãos teriam grana e tempo para fazer o que bem entendessem.
Os norte-americanos, na verdade, já seguiam esse conselho desde bem antes de John Adams. Em 1635 eles fundaram Harvard a escola que formou o atual presidente, Barack Obama, entre outras figuras cruciais da história dos EUA. Eles apostaram em decisões políticas ousadas, que incluíam investir pesado em conhecimento e ciência, e hoje colhem os resultados.
Nós não temos Harvard. Nem temos John Adams. Temos Delcídio Amaral. O senador petista, do Mato Grosso do Sul, orgulhosamente registra em sua página de internet os feitos que alcançou como relator do orçamento do governo federal para 2009. Curiosamente, omite uma de suas brilhantes decisões: a de cortar R$ 1,1 bilhão em verbas destinadas à ciência.
Delcídio Amaral certamente não estudou política. Por causa disso, nossos filhos não terão a liberdade para ser matemáticos e filósofos. Muitos deles continuarão, pelo contrário, tendo de viajar em um caminhão insalubre vindo da Paraíba para o Sul do país, onde tentarão vender cintos de couro.
Os eleitores de Delcídio Amaral não estudaram política. E em função disso sabe-se lá quanto tempo será necessário para que tenhamos uma Harvard nacional. O Brasil não produziu até hoje um único vencedor do Prêmio Nobel. É impossível imaginar um ano de Nobel sem laureados norte-americanos.
Nós não estudamos política. E por isso o país perdeu R$ 1,1 bilhão que deveriam formar doutores e mestres gente capaz de produzir conhecimento. Foi investindo em ciência e tecnologia que países com muito menos potencial econômico, como o Japão, se tornaram gigantes. A Panasonic, a Toyota, a Sony dão hoje o direito aos japoneses de flanar por Tóquio com seus celulares de última geração.
Enquanto isso, nós elegemos políticos que não estudaram política. E negamos aos nossos filhos o direito de um país que produz ciência, que produz conhecimento, que investe no futuro. Votamos em delcídios e perdemos com isso a noção de uma vida melhor.
O anexo parte final
A comissão encarregada de receber o anexo ao Palácio da Justiça encerrou seus trabalhos: decidiu que não há irregularidades na construção do prédio. E, com isso, a história do prédio de R$ 48 milhões chega ao fim. Com uma única mudança: a comissão do TJ decidiu que a construtora "economizou" R$ 1,2 milhão e abateu isso do pagamento final. Ou seja: agora, o anexo custou apenas R$ 47 milhões.
Mas alguma coisa ficou inexplicada. Afinal, quatro desembargadores do próprio TJ haviam apontado uma infinidade de erros na obra, de superfaturamento a licitação dirigida. Afirmavam, com todas as letras, que houve um "conluio" e que o dinheiro público havia sido objeto de descaso.
Das duas, uma. Ou errou o TJ ao receber o prédio, ou quatro desembargadores paranaenses veem fantasmas onde não há, e acusam os colegas à toa, sem provas do que dizem. Alguém está muito errado nessa história.
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