Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

"Na realidade, o controle exercido pelos eleitores sobre os seus representantes eleitos é pura ficção."

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Mikhail Bakunin, teórico do anarquismo.

Quem paga impostos no Paraná e preza seu rico dinheirinho deve anotar uma data em seu calendário: primeiro de maio. Neste dia, saberemos afinal se os R$ 48 milhões gastos na construção de um anexo para o Palácio da Justiça, em Curitiba, foram ou não bem empregados. O ex-presidente do Tribunal de Justiça Oto Sponholz, responsável pela obra, garante que o valor foi necessário e que não houve qualquer abuso. Outros quatro desembargadores, destacados para investigar o caso, têm opinião bastante contrária: redigiram um documento falando em superfaturamento, licitação dirigida e conluio.

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A Universidade Federal do Paraná dirá quem tem razão. Em 90 dias, será possível saber o que os engenheiros e contadores da mais importante universidade do estado têm a dizer sobre o assunto. Isso porque Tadeu Marino Loyola Costa, desembargador que deixou a presidência do cargo nesta quinta-feira, teve a boa idéia de contratar a auditoria externa. Foi seu último ato na presidência. E talvez o mais importante.

A auditoria terá duas grandes partes. A primeira será contábil e documental: vai analisar todo o processo de licitação e os gastos feitos. Há dúvidas, por exemplo, sobre a contratação da fiscalizadora da obra. A Globo Engenharia foi escolhida mesmo tendo apresentado o maior preço entre as concorrentes. Outra dúvida: a Comissão de Obras garante que as medições para liberação dos pagamentos foram mal feitas. Será? A UFPR dirá.

A segunda perícia será técnica. Afinal: cabem 26 pessoas em cada elevador? Os geradores de energia têm a potência prevista no edital? O granito usado na obra é o especificado na licitação? É preciso saber porque um prédio de R$ 48 milhões já está apresentando problemas com poucos meses de funcionamento. Há várias reclamações sobre ar-condicionado, um elevador já caiu, há rachaduras em granitos e os canos de esgoto estariam entupindo a toda hora.

O desembargador Tadeu Costa fez bem em não receber o prédio enquanto as dúvidas não eram sanadas. Fez melhor ao determinar que se iniciassem os trabalhos da Comissão de Obras. E melhor ainda ao contratar a UFPR para apurar o caso. Que seu sucessor, desembargador José Antônio Vidal Coelho, tenha o mesmo espírito na gestão que começa agora.

O Papa e a Assembléia

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O Espírito Santo é quem orienta os cardeais numa eleição papal. Pelo menos é assim que pensam os católicos. Até recentemente, estava previsto no regulamento do conclave – quando os cardeais se reúnem para decidir quem entre eles será o novo Papa – que um deles poderia ser eleito por aclamação. Não era um instrumento muito usado. Pelo contrário. As eleições de papas, porém, costumam precisar de várias votações. E às vezes duram dias, até que se chegue a um candidato que obtenha dois terços dos votos.

A Assembléia Legislativa do Paraná é bem diferente do Vaticano, por vários motivos. Um deles é que, ao contrário do que ocorre em Roma, as eleições aqui costumam ser decididas por larga margem de diferença. Pegue-se o caso de Nelson Justus, eleito presidente do Legislativo nesta quinta-feira. Teve a unanimidade dos 54 deputados. Nenhuma abstenção. Nenhuma chapa contrária. Todos votaram igual.

Há duas possibilidades aqui. A primeira é que quem "orienta" a votação por aqui é mais eficiente do que o próprio Espírito Santo. Como não convém praticar heresias, desviemos dessa possibilidade. A segunda hipótese, portanto, é a mais provável: é a de que o Espírito Santo, apesar de poderoso, tem muita generosidade. E deixa que os cardeais exerçam o seu livre-arbítrio.

Requião e Greca – Roberto Requião acaba de colocar Rafael Greca na Cohapar. Nunca é demais forçar a memória. Em 99, Requião fez um discurso comentando o depoimento de Greca ao Senado. Ministro, Greca era acusado de irregularidades ligadas ao bingo. Eis um trecho: "É evidente que temos apenas duas hipóteses: ou o Sr. Ministro Rafael Greca estava profundamente ligado a essa operação de liberação do jogo, fazendo caixa de campanha, o que me parece lógico, o que se coaduna com os depoimentos feitos na Polícia Federal e no Ministério Público; ou S. Exª é rigorosa e absolutamente incompetente. Não é o caso. Nós vimos no depoimento que pelo menos uma cultura ginasiana o Ministro tem."

Isto também é política – Você já ouviu falar de gente ameaçada de morte, certo? Cachorro ameaçado de morte, porém, é novidade. Ágata é uma cadela colombiana, usada pela polícia para farejar drogas. Fica em Letícia, ponto de passagem de heroína e cocaína. De lá, segundo a BBC, a droga segue para Peru e Brasil. Como Ágata tem causado muito prejuízo aos traficantes, os bandidos da região estão oferecendo dez mil dólares para quem der um fim ao animal. A polícia contratou um guarda-costas para Ágata.

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