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Roberto Requião e Beto Richa andam meio às turras, como se sabe. Se um disser que o céu é azul, o outro necessariamente dirá que é verde. Curioso, porém, que isso não impeça os dois de dar declarações idênticas sobre uma das polêmicas do momento. Quando se trata de defender os parentes ocupantes de cargos públicos, ambos têm o mesmo discurso. Está lá, na ponta da língua: se o parente for competente, que mal há nisso?

É realmente fantástica a generosidade da natureza com algumas famílias paranaenses. Impressiona o fato de que o governante da vez tenha sempre, por obra do acaso, em sua família, as pessoas mais preparadas do estado para ocupar cargos administrativos. É curioso também que esses parentes sejam sempre colocados exatamente nos postos de maior peso e visibilidade. Ou alguém já viu um filho de prefeito num cargo de dois salários mínimos por mês? Se fosse competente, que mal haveria.

Para se constatar que nossos governantes não são tão diferentes quanto gostam de pensar, vejamos como a natureza contemplou com sábios administradores as famílias de nossos mais recentes governantes:

• Alvaro Dias: nomeou o irmão Osmar para a Secretaria da Agricultura;

• Rafael Greca tinha Luís Miguel Greca no cerimonial e a esposa Margarita na FAS;

• Jaime Lerner, no governo, não tinha parentes para nomear. Na falta de opção, acabou colocando a mulher, Fani, como secretária. Ah, e nomeou o cunhado Henrique Naigeboren para o Tribunal de Contas do Estado;

• Cassio Taniguchi, além da mulher, Marina, na FAS, tinha o filho Gustavo na Urbs;

• Requião tem dois irmãos, a mulher e mais três parentes no seu governo;

• E Beto Richa tem um irmão como secretário de Administração, além da mulher na FAS.

Requião e Richa podem ser diferentes em algumas coisas. Na defesa do nepotismo, são iguais. Na verdade, só estão fazendo justiça. Se não fossem filhos de prefeitos e governadores, provavelmente jamais teriam chegado aonde chegaram. Têm mais é que agradecer à família. Por sorte, têm cargos públicos para fazer a retribuição.

2 dias é o novo prazo que o governo pretende estabelecer para contestações de empresas durante processos de licitação. Hoje, pela famosa Lei 8.666, as empresas têm cinco dias depois de cada ato da licitação para contestá-lo. A redução do tempo está prevista no PAC. A Transparência Brasil diz que a diminuição do prazo aumenta as chances de corrupção e traz impacto enorme para a economia nacional.

O busão da discórdia

Roberto Requião é um polemista nato. Dá para imaginar a satisfação do governador ao imaginar essa história do sorteio do ônibus na escolinha. Sabia do barulho que ia dar – e por isso mesmo resolveu fazer. O que ele queria era ver a reação indignada de todos, as comparações, as brincadeiras. Pois então essa coluna satisfará, humildemente, a vontade do governador, mantendo o assunto à tona.

É que a Celepar, órgão do próprio governo do estado, está com um edital de licitação na praça para contratar um ônibus. Dispõe-se a pagar até R$ 25,5 mil pela condução, que oferecerá a 40 passageiros. Ou seja: o governo está dizendo que vai sortear algo que a seus próprios departamentos está fazendo falta. Poderia economizar os R$ 25,5 mil. E economizar o tempo de todo mundo de criticar a idéia. Mas Requião gosta mesmo é de ver o pessoal se atormentando com as vontades dele. Conseguiu, de novo.

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