O sábio Homer Simpson ensinou uma vez tudo o que sabia a seu filho Bart. Disse que as três frases mais importantes para ele seriam as seguintes: "Oh, que boa idéia, chefe"; "Não diga que fui eu"; e "Já estava assim quando eu cheguei". Os políticos costumam seguir à risca esses ensinamentos. Nossos insignes deputados federais, porém, adicionaram mais um mandamento à lista: "Jogue a culpa nos velhinhos". Foi isso que eles fizeram na semana passada.
Lula pediu que o Congresso prorrogasse a DRU, Desvinculação das Receitas da União. A tal "base aliada" respondeu da única maneira que sabe: "Oh, que boa idéia, chefe!". E, junto com a CPMF, votou a favor da continuidade da DRU por mais quatro anos. Por trás da sigla inofensiva, porém, está um calote nos aposentados brasileiros.
Funciona assim. Cada vez que chega a hora de dar reajuste ao pessoal do INSS o governo diz que não tem como repassar o aumento dado ao salário mínimo.
A culpa é do tal déficit da Previdência: haveria menos dinheiro em caixa do que o necessário para pagar as aposentadorias e pensões.
Trata-se de um embuste, conforme já provou o Tribunal de Contas da União. A seguridade tem dinheiro de sobra. Ou melhor, teria, não fosse a malfadada DRU. É que "desvincular recursos", tirada a engazopação, quer dizer exatamente isso: pegar o dinheiro dos cofres onde eles deveriam estar e colocar onde o governo quer.
Nesse caso, tiram-se R$ 33 bilhões da seguridade para cobrir outros rombos das contas públicas. E daí, quando se pergunta quem é o responsável pelo furo no orçamento nacional, governo, deputados e comentaristas são praticamente unânimes: é a Previdência.
Na verdade, a culpa é da DRU e de quem a mantém. Mas se alguém perguntar a um político, ele terá a resposta na ponta da língua. "Já estava assim quando eu cheguei". Ou, então: "Não diga que fui eu". Votamos em um punhado de Homer e não sabíamos.
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Estamos de olho
O deputado paranaense Ricardo Barros, do PP, cometeu uma gafe. O título do livro que ele está lançando ficou mais engraçado do que a encomenda. O volume que chega em breve às livrarias se chama "De Olho no Dinheiro do Brasil". O parlamentar que desculpe as interpretações maldosas que surgirem, mas justo no momento em que o Congresso Federal passa por todos esses escândalos, fica parecendo que se trata de uma piada.
Playboy
E, veja só. Uma Playboy fez o que todos os jornais do país, juntos, não conseguiram. Em menos de uma semana a revista da coelhinha tirou o presidente do Senado do cargo.
O neto
Em terra de aristocracias, a coisa vai assim. Agora chega às urnas uma nova geração de juniores e netos para assumir o poder que os pais e avôs lhes delegarão. No PSC, quem assinou ficha de olho na cadeira de vereador foi Fernando Stephanes. É neto do ministro Reinhold Stephanes. E filho do deputado estadual Stephanes Júnior. A impressão é que quando falam em Executivo e Legislativo para seus filhos os donos da bola enunciam a célebre frase de cinema: "Um dia, meu filho, tudo isso será seu!".
É assim
Enquanto os nobres deputados se preocupam com Caiobá, as vizinhas Almirante Tamandaré, Colombo e Piraquara seguem abandonadas como sempre.
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"A política é a condução dos assuntos públicos para o proveito dos particulares." Ambrose Bierce, escritor norte-americano.
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Rogerio Waldrigues Galindorgalindo@gazetadopovo.com.br
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