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Fundação José Sarney. O noticiário fala agora sobre a Fundação José Sarney. Diz a reportagem de O Estado de S.Paulo, reproduzida depois pela imprensa toda, que a tal fundação estaria no centro de um novo escândalo: dinheiro público repassado para a instituição, num total de R$ 500 mil, teria sido desviado para outros fins. Fala-se em uso de contas paralelas e empresas com endereços fictícios. Tudo está por apurar, se é que alguma coisa será apurada.

Mas, antes da apuração, o que me causou surpresa foi a existência da fundação. Esta Gazeta informa que se trata de uma instituição "que receberia recursos da Petrobras para preservar seu acervo, funciona no prédio do antigo Convento das Mercês (construção do século 17), em São Luís, capital do Maranhão. O edifício foi doado à fundação pelo governo do estado e abriga acervo sobre a carreira política e pessoal de Sarney."

Até aí, só surpresa. Mas nada de mais. A memória de uma Presidência, ainda que não das mais saudosas, como é o caso do período de Sarney, merece ser preservada. A surpresa passa a espanto, porém, com a informação de que a tal fundação recebeu R$ 500 mil de dinheiro público, via Petrobras, para manter o acervo.

É a célebre confusão do público com o privado, que já disseram ser uma de nossas principais marcas como povo. A memória da Presidência merece ser mantida. E o governo tem o dever de trabalhar para que documentos importantes sejam bem conservados e estejam disponíveis ao público. Mas nesse caso tudo teria de ser feito de maneira equânime, igual para todos os presidentes.

O que ocorreu aqui é que um político de grande poder ainda usou sua força para construir uma fundação pessoal. Manteve as relíquias de seu período áureo em grande estilo, à disposição da população de sua área nativa, seu reduto eleitoral, para que todos lá lembrem perpetuamente a importância que ele teve. E a tal fundação decidiu que era lícito usar dinheiro público para isso.

Os documentos provariam desvio de uso do dinheiro. Mas, mesmo que eles tenham sido usados exatamente para aquilo que foram requisitados, não deixa de ser esquisito. Um senador da República – e no momento presidente do Senado – tem de ser cuidadoso para não abusar do poder que tem em mãos. Usar verba de estatais para falar bem de si mesmo não se encaixa nesse tipo de cuidado.

P.S.: É claro que as denúncias sobre Sarney têm também motivação política. Mas a essa altura o senador já deveria ter percebido, velha raposa que é, que sua situação é insustentável. E pedido para sair de licença da presidência. Pouparia a nós todos da aflição. E mostraria um pouco de dignidade.

Trânsito

A iniciativa do governo do estado de anunciar uma cassação ampla, geral a irrestrita de carteiras de motoristas suspensas parece não ter passado de mais um lance de marketing. A ideia surgiu logo depois da revelação de que, assim como Ribas Carli Filho, boa parte dos deputados estaduais do Paraná dirigia com carteira irregular. O secretário Delazari prometeu mandar polícia na casa das pessoas, prender, e tudo o mais. Passado o rebu inicial, claro, as coisas voltam a ser como eram antes. E o trânsito... continua sendo como a nossa política. Ainda um problema sem solução.

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