O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve de responder em um programa de tevê, por esses dias, quem foram os melhores presidentes que o Brasil já teve. A pergunta é difícil. E, no caso de FHC, traiçoeira. Lógico que ele não podia incluir na lista nenhum governo recente. Nem o dele, porque pareceria vaidade. Nem o dos outros, para não dar a entender que foi pior que seus contemporâneos.
Fernando Henrique escolheu a resposta clássica: citou Getúlio Vargas como o grande presidente, e alguns outros depois. Juscelino e Rodrigues Alves entraram. Campos Salles, estranhamente, também. Mais estranhamente ainda, entrou na lista o general Castello Branco. Como a lista é dele, Fernando Henrique faz o que bem entender (embora seja, no mínimo, duvidoso citar dois ditadores entre os melhores presidentes de um país...)
É claro que Fernando Henrique, ao dizer que Getúlio foi um grande governante, estava pensando nas leis trabalhistas, na criação da CSN, da Petrobras, da Eletrobrás. Não estava falando da parte podre do governo: censura, instalação de polícia política, cancelamento de eleições, golpe de Estado. Juscelino, idem. Fez Brasília, trouxe as fábricas de automóveis. Mas enfrentou denúncias sérias de corrupção. E assim por diante.
Não existe governo perfeito. O do próprio Fernando Henrique teve altos e baixos: universalizou a educação infantil, mas mudou a Constituição na marra para forçar um segundo mandato; manteve a estabilidade obtida no governo Itamar, mas enfrentou denúncias de compra de votos e de erros gravíssimos nas privatizações, sem contar que triplicou a dívida pública do país.
Agora é a hora de começar a pensar o que ficará do governo Lula. Faltando três dias para o fim de seu segundo governo, o presidente criou um mito que torna difícil, hoje, ver claramente qual é o legado que deixará. Os que aderiram ao mito querem dizê-lo desde já melhor do que todos os antecessores. Mas há uma parcela considerável da população que quer ver o presidente pelas costas e que usa os superlativos para dizer exatamente o contrário, que se trata de um dos piores governos da História da República.
O radicalismo, com o tempo, cederá lugar ao julgamento dos historiadores. E se perceberá que Lula, como qualquer outro presidente, teve vícios e virtudes. Entre o que fez de melhor, certamente figurará a inclusão social. Muita gente que não tinha três refeições por dia passou a ter. Milhões que não tinham emprego receberam carteira assinada. Milhares de jovens tiveram a chance, na maior parte dos casos inédita em suas famílias, de entrar numa universidade e sem pagar nada, via ProUni.
Por outro lado, o presidente será lembrado como um político que manteve e até mesmo aprofundou os laços de dependência entre o Palácio do Planalto e reizinhos locais, especialmente deputados e senadores. Uma relação que implicou conivência com erros grotescos e que levou ao mensalão de 2005, um mal existente em diversos governos, mas que marcará indelevelmente a biografia de Lula no poder.
Nem santo guerreiro nem dragão da maldade. Nem Hitler nem Martin Luther King. Lula será lembrado como um político importante, um líder e um homem que governou para os mais necessitados num país composto majoritariamente de pobres e remediados. Se isso será suficiente para que ele seja citado daqui a 50 anos por um sucessor, como um exemplo a ser seguido? Isso, só o tempo dirá.
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