Abril era para ser o mês mágico do novo governo de Beto Richa (PSDB). O governo finalmente vai começar a receber o IPVA, que chega atrasado por ter havido mudança na alíquota. O “acordo branco” feito com os outros poderes garante que Richa pode usar o R$ 1,5 bilhão extra que vai entrar (contando também com o aumento do ICMS) só para o Executivo, sem ter que compartilhar tudo com os primos mais ricos da vizinhança.
A ideia era pagar contas atrasadas e ter fôlego não só para pagar a folha, mas também para conseguir fazer (finalmente) algum investimento mais expressivo. Em resumo, usando a expressão do supersincero secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, parar de contar centavos. Com obras, o cálculo é que o apoio dos deputados estará garantido. E a população voltaria a apoiar o governo.
Os três primeiros meses do atual governo foram os piores que Richa já enfrentou em sua vida pública. Dificuldade para pagar as contas mais básicas. Calote no terço de férias. Greve de professores. Greve em diversos outros serviços. Assembleia invadida devido a projetos impopulares. Deputados tendo que votar os projetos do governo exilados em um restaurante – e chegando ao trabalho em um ônibus do choque. Tudo isso culminando, como era de se prever, com um índice de popularidade pífio, algo que o governador jamais havia enfrentado.
Antes, sempre que era criticado, Richa ressaltava suas obras. Mas agora, sem dinheiro, não tem muita obra nova em que se apoiar. Quando falavam da falta de obras, mencionava sua imensa popularidade – o respaldo das urnas. Agora, a popularidade foi-se embora. Com a entrada do IPVA e o novo ICMS, a ideia era reconquistar tudo isso. E a todas essas, Richa sempre dizia: em dez anos de gestão (contando a prefeitura) nunca se descobriu em sua gestão um problema ético sério.
Pois bem, quando a coisa prometia começar a se acalmar no front financeiro, aparece o problema ético. O tal problema se chama Luiz Abi Antoun. Pouco tempo atrás, seu nome era desconhecido da maioria da população – sujeito de bastidores, nunca teve cargos, nunca deu entrevistas e não aparecia em fotos (ou, quando aparecia, logo sumia, como aconteceu numa célebre imagem photoshopada no Facebook do governador).
O nome sempre pairou nas redações. Um blogueiro escreveu que só Abi e o irmão do governador, Pepe Richa, estavam autorizados a falar em nome de Beto quando isso envolvia “segredos de estado”. Numa enquete publicada aqui, Abi foi citado como um dos principais conselheiros de Richa. Mas, mesmo assim, suas atividades nunca vinham à tona. Até que o Gaeco o pôs na prisão.
Richa tem dito que sua relação com Abi era “social”. A versão tinha respaldo na ausência de um cargo no governo. Mas, nos últimos dias, cada vez surgem mais fatos ligando os dois. Abi foi funcionário do gabinete de Beto na Assembleia. Passava férias com ele (uma das poucas fotos conhecidas de Abi é com o governador, num réveillon). A empresa da família de Abi doou R$ 100 mil para a campanha do governador...
Além disso, a suspeita do Gaeco é de que Abi manipulou uma contratação do governo. Seria pouco para o governo se preocupar com qualquer mancha ética no centro da administração. Mas quem conhece a influência de Abi diz que é cedo para que o caso se dê por encerrado.
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