As telenovelas e os escândalos políticos têm algo em comum: tanto em um caso quanto no outro, as coisas começam cada vez de um jeito diferente – mas o final, com raríssimas exceções, é mais do que previsível desde que a história começa. No caso das novelas, os mocinhos vão se dar bem, o par central viverá feliz para sempre e os vilões terminarão pagando pelo mal que fizeram.

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Nos escândalos políticos, as revelações que dão início ao caso são as mais variadas. Mas o final vem sendo sempre o mesmo: tudo cai no esquecimento, o Judiciário demora anos para resolver o caso e, no fim de tudo, os responsáveis pelo escândalo acabam por cima da carne seca novamente. E eis a principal diferença para as novelas: aqui, os vilões é que vivem felizes para sempre.

Vejamos o caso dos Gafanhotos, na Assembléia Legislativa do Paraná. O começo foi forte: denúncias de deputados que contratavam funcionários fantasmas; suspeitas de malversação de dinheiro público; admissões de culpa; provas bem construídas. Acuado, o presidente da Assembléia, Nelson Justus, chegou a pronunciar a palavra proibida no Legislativo local: transparência. Disse que publicaria a lista dos funcionários da Assembléia – o que é o mínimo que se poderia esperar de uma instituição séria.

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Imprensa

Aí, veio a segunda parte da trama. Exceto pela imprensa – nesse caso bravamente representada pela equipe desta Gazeta, já que outros veículos preferiram ignorar solenemente o caso, numa omissão indesculpável – ninguém parece ter se mexido para cobrar qualquer coisa. A investigação do Ministério Público, como necessariamente acontece, ainda deve demorar. E até lá...

Até lá as coisas arrefecerão. Os deputados fingirão que não se lembram mais do caso. Justus poderá respirar aliviado e – quem sabe, se não pronunciar mais nenhuma vez a palavra proibida – até mesmo se reeleger para a presidência da Casa. Será ainda confiável pelos confusos critérios dos nosso parlamentares.

Direito a voto

Há jeito de mudar isso? Haver, há. Quem pode mudar a situação é você, caro leitor, cara leitora. Só mesmo a pressão da opinião pública, de quem tem direito a voto, de quem pode reeleger ou não os nossos deputados pode fazer a diferença. Não deveríamos deixar esse caso cair no esquecimento. Mas é o que ocorrerá. A não ser que façamos alguma coisa diferente.

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E aí, o que vai ser?

É impressionante o descaso da prefeitura de Curitiba com a licitação do transporte coletivo da cidade. São 50 anos de oligopólio e sete anos desde que o Ministério Público entrou com o pedido para que a Constituição – aquela, de 1988! – seja obedecida. A Urbs diz que a regulamentação da nova lei, que nem era necessária, e que só protelou a licitação, está nas mãos do prefeito Beto Richa. O prazo para a publicação já estourou há mais de um mês. Alguma explicação? Logicamente, não. E o povo que ande nos ônibus apertados.

Dois anos

Esta humilde coluna completa 2 anos na semana. A quem tem a paciência de lê-la, os mais sinceros agradecimentos.