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Estocolmo decidiu abrir mão de sua candidatura aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, soube-se na semana passada. O motivo seriam os altos investimentos em estruturas que depois teriam pouco uso. Alguém aí se lembrou do Estádio Mané Garrincha ou da Arena Pantanal? A Suécia tem o oitavo Índice de Desenvolvimento Humano do mundo. O Brasil tem o 85.º lugar. Qual dos dois deveria estar preocupado em poupar dinheiro para questões mais básicas? As Olimpíadas de 2022 também tiveram desistências de Munique e St. Moritz. Roma abandonou a pretensão de ser sede dos Jogos de 2020, também por questões financeiras.

O Brasil não só optou por realizar Olimpíada e Copa em apenas dois anos como parece ter crença de que possui um estoque infindável de dinheiro para gastar com esses eventos. Pior: dá o dinheiro na mão de terceiros privados para que toquem a obra e só pedem que a entreguem no prazo. Agora, vendo que nem isso está sendo respeitado, decidiram fazer algo. Eis a pressa que temos em cuidar dos nossos tostões.

A verdade triste é que caímos todos em um conto. Em 2007, o então presidente da CBF Ricardo Teixeira deu todas as garantias de que não haveria dinheiro público na Copa. Orlando Silva, ministro dos Esportes da época, reforçou a declaração dizendo que não haveria um centavo de dinheiro público nos estádios. Os dois caíram por denúncias de corrupção. Hoje, sabe-se o quanto estamos distantes do que eles prometeram. Somente a prefeitura de Curitiba estima que vá gastar mais de meio bilhão de reais com o evento.

Tendo em vista a montanha de dinheiro que se investe na Arena, é de espantar que o poder público não tenha feito antes o que foi anunciado ontem. Pedir (ou exigir, melhor dizendo) que a gestão das obras seja compartilhada. Agora, faltando menos de seis meses para a Copa, o governo e a prefeitura conseguiram colocar gente na administração do dinheiro. Supostamente, para garantir que tudo acabe a tempo, para evitar que a cidade fique sem estádio e perca o status de sede.

No entanto, é de se esperar que os gestores se preocupem também com o bom uso da verba. Afinal, só nesta semana já se anunciou mais um empréstimo de R$ 39 milhões para a Arena. As autoridades dizem que se trata apenas de financiamento, que não será dado a fundo perdido. Ok. Mas pense-se que essa grana faz falta em outras partes da administração pública. Sem falar que o próprio secretário de Estado da Copa, Mario Celso Cunha, num momento de supersinceridade, já admitiu a ideia do calote atleticano.

O fato consumado é que Mario Celso Petraglia se tornou um dos mais importantes gestores de dinheiro público no estado. Sem ter sido eleito, sem ter mandato ou sequer ter sido nomeado para cargo público, viu cair em suas mãos a chave do cofre. Como presidente do Atlético, assumiu o controle de uma obra multimilionária. Sob sua gestão, o valor da intervenção no estádio só subiu. E quanto mais dinheiro se investia, mais ficava claro que Petraglia tinha poder: ninguém iria querer interromper uma obra depois de já ter investido tanto nela. Ontem, prometeram que não haverá mais dinheiro público na obra. Esperemos.

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