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"Dizem que a política é a segunda profissão mais antiga do mundo. Eu vim a descobrir que ela tem uma semelhança muito grande com a primeira."

Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos.

O PFL – descendente direto da antiga Arena – agora se chama Democratas. Até aí tudo bem. Vamos supor que mesmo os membros do partido que foram ligados à ditadura militar tenham se convertido à democracia. Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães podem ter se tornado grandes defensores da liberdade civil, por exemplo. Sabe-se lá. Com o tempo, muita coisa muda.Mas o importante é que os fatos nunca deixam de ocorrer da maneira como ocorreram. Por isso, mais curiosa do que a nova denominação do partido fundado por Sarney e Aureliano é a apresentação feita no site oficial da leganda. "O PFL nasceu da rebeldia e do destemor", afirma a página. Como assim?Recuperem-se os fatos. No fim da ditadura militar, em meados dos anos 80, foi preciso melhorar a imagem dos políticos que sustentaram os generais-ditadores. A Arena, que era o partido oficial desde 1962, mudou de nome. Vejam só a coincidência: denominou-se PDS, Partido Democrático Social. A democracia, na época, já aparecia na sigla dos herdeiros do regime militar.Logo em seguida, na útlima eleição presidencial indireta do país, veio o racha. Alguns dos amigos do regime decidiram apoiar Paulo Maluf para presidente. Outros, não. O segundo time perdeu a indicação na convenção e preferiu, ao invés de lançar um terceiro candidato, se alinhar com o PMDB de Tancredo Neves – o partido que verdadeiramente havia lutado pela democracia durante os vinte anos anteriores. Sendo assim, pode-se dizer que o pessoal da Frente Liberal, dissidente do PDS, mudou de lado curiosamente no momento em que o regime militar acabava. O PFL nascia por causa de um racha. E, diriam os mais maldosos, para que os antigos donos do poder tivessem a chance de se aproximar dos homens que agora conquistavam a presidência.Houve risco? Não. Houve rebeldia? Obviamente não. Por mais que hoje o Democratas insista em dizer que Aureliano Chaves, fundador do partido, teve um gesto heróico ao romper com o general Figueiredo, de quem foi vice-presidente por seis anos, é difícil ver heroísmo numa jogada política que manteve o partido próximo do poder por pelo menos mais quatro mandatos presidenciais. O partido pode se chamar como quiser, mas deve falar ao público com honestidade sobre as suas origens.

Decisões

Vamos supor que você se mude para uma casa. O jardim é lindo, arborizado, bem tratado. A construção é firme, sólida e bem-feita. Precisava só, talvez, de uma tinta nova para ficar perfeita. Já o quintal é um horror. Quando chove, tudo fica alagado. A cerca que separa da casa vizinha está caindo e em alguns lugares já ruiu. A edícula está com a madeira podre e cheia de lixo, e assim por diante. Você tem um pouco de dinheiro para arrumar a casa. Mas só dá para pintar a casa e melhorar ainda mais o jardim – ou, dá para reformar o quintal. O que você faria? Pois é. A resposta é óbvia. Só a vaidade justificaria melhorar a parte que os vizinhos vêem mais e deixar o resto cair. Agora, imaginem que você é prefeito de uma cidade. O Centro é lindo. A periferia está caindo aos pedaços. Valeta a céu aberto, esgotos sem tratar, gatos de luz e água, favelas. Você tem dinheiro para arrumar uma coisa ou outra. O que você faria? Pois é. A prefeitura de Curitiba está gastando R$ 2,1 milhões para arrumar a calçada da Marechal Deodoro.

226 notas fiscais da Presidência da República apresentaram problemas, de acordo com o Tribunal de Contas da União. As notas deveriam explicar gastos feitos com os cartões corporativos do governo – uma espécie de cartão de crédito dado a alguns funcionários. As notas com problema são cerca de um terço do total auditado pelo tribunal. As informações são do site Contas Abertas, que disponibiliza todo o relatório da auditoria em www.uol.com.br/contasabertas.O joelho e o novo senador

Wilson de Matos é o novo senador do Paraná. Assume a vaga de Alvaro Dias, que pediu licença do cargo para fazer fisioterapia no joelho. Matos, que é reitor da Cesumar, um centro universitário de Maringá, acabou ganhando o presentão de ter um mandato por quatro meses. Suplente de senador, aliás, é um dos únicos tipos de políticos que podem ganhar mandato sem receber um voto sequer. De qualquer maneira, mesmo sem ser votado, Matos teve uma participação importante na campanha. Segundo o TSE, ele colaborou com R$ 50 mil para o caixa do comitê. Do próprio bolso.

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