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O aumento da tarifa mostra que o prefeito Gustavo Fruet tem (pelo menos) dois problemas para resolver no transporte coletivo. Um é econômico. Outro é político. O econômico tem a ver com as contas do município, que aparentemente estão mal das pernas. Fruet, de maneira exasperante, quase dois anos depois de assumir a prefeitura, continua colocando a culpa nos antecessores. E, agora, na crise econômica.

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Não é que ele não tenha razão: assumir uma dívida de curto prazo de R$ 500 milhões dificulta a vida de qualquer prefeito, claro. E a economia do país realmente teve retração. Mas vale lembrar que ninguém disse que as coisas seriam fáceis, nem o prefeito, durante a eleição, afirmou que seus compromissos eram condicionais à situação das finanças.

O fato é que no momento a prefeitura não pode ou não quer (por acreditar que tem outras prioridades) dar subsídios maiores para o ônibus, a ponto de baixar a tarifa de seu patamar atual. Depender do governo do estado parece igualmente difícil e arriscado. O jeito foi subir a tarifa. Mas isso tem um limite: tem muita gente que já acha pesado pagar R$ 2,70 (imagine uma família de baixa renda com três pessoas indo para o trabalho todo dia no transporte coletivo). Imagine a R$ 2,85. Imagine a R$ 3,00, caso seja esse mesmo o caso em fevereiro.

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A situação piora porque Fruet tem pouco a mostrar na gestão do transporte que faça as pessoas sentirem que vale a pena pagar o preço cobrado. Ontem, na RPC TV, Fruet mencionou a via calma, na Sete de Setembro, e a faixa exclusiva, na Rua XV. Ao ouvir que Curitiba passou a ser a quarta capital com tarifa mais alta, disse também que só aqui há a integração. Mas a via calma só existe, por enquanto, em uma rua. A faixa exclusiva, idem, enquanto São Paulo criou no mesmo período centenas de quilômetros. E se aqui há a integração, várias cidades estão implantando o bilhete único, que permite a integração não só nos terminais.

E aí chega-se ao problema político. Na atual circunstância, será preciso tomar alguma medida desagradável. Quando o dinheiro não dá para fazer todas as bondades, alguém vira vítima da maldade. Se Fruet decidir que realmente os passageiros (em sua maioria trabalhadores, e em sua imensa maioria eleitores) não deveriam arcar com um transporte mais caro, terá de tirar dinheiro de alguma outra coisa. Obras? Educação, e não cumprir o compromisso de chegar a 30% dos gastos?

Não há solução mágica. E Fruet terá de fazer aquilo que parece passar longe de ser a sua especialidade – desagradar. O prefeito tem fama de ser bom sujeito, e mesmo os adversários costumam admirar seu estilo conciliador. Um vereador que não anda lá muito amigo da administração diz que Fruet seria o sujeito perfeito para ter como cunhado, comer um churrasco. Mas e a gestão dele. "Pois é. O que salva é a figura do Gustavo", diz.

Para desagradar, Fruet tem várias opções. Uma delas envolveria jogar mais duro com as empresas que prestam o serviço. Até agora, a prefeitura, mesmo tendo três relatórios mostrando que houve problemas na licitação ou que há dúvidas sobre a eficiência da gestão do dinheiro público, evitou o confronto direto. Faz parte do jeito Fruet de governar: fazer amigo e não tentar influenciar as pessoas. Mas isso pode ter um custo.

Por enquanto, as coisas vão na calmaria (até excessiva) de uma gestão que não tem oposição. Só dois dos 38 vereadores são formalmente de oposição. Dentro da base de Fruet, porém, aposta-se que esse número sobe para sete logo. E depois podem ser mais, principalmente à medida que se aproximar a época de eleição na cidade. Se até o ano que vem o prefeito não tiver mais coisas concretas para mostrar, poderá estar com problemas. Dos grandes.

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