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"O que seria de nós sem a Paraná Educativa? Todo governo deveria ter um meio de comunicação como esse."

Roberto Requião, na reunião semanal do secretariado, terça-feira, defendendo que os governos precisam ter um meio de responder aos "enganos" dos jornais e da grande imprensa, e de certa maneira admitindo que a tevê pública tem também uma finalidade política.

O famoso caso das tevês da Cequipel compradas pelo governo do estado pode significar muito ou pode não querer dizer nada. O fato de a maior doadora de campanha do governador Roberto Requião vencer a concorrência pode ser uma coincidência. O mundo é cheio delas. De qualquer maneira, é curioso acompanhar as coincidências do mesmo gênero dentro da política do nosso estado, para ver como elas se multiplicam – e não só no governo do estado.

Dentro do Palácio Iguaçu, outra grande coincidência entre financiamento de campanha e prestação de serviços acontece com a American Banknote. A empresa é a segunda maior doadora da campanha de Requião. Perde apenas para a Cequipel. E tem um contrato de R$ 15 milhões anuais com o Detran. O contrato foi ganho em 2003, no primeiro ano da gestão anterior de Requião.

Quando Requião ganhou seu novo mandato, a informação oficial foi de que o governo não renovaria mais o contrato com a American Banknote – faria nova licitação. Isso foi há dois meses. Desde lá, a American Banknote vem prestando o serviço, até que as coisas se resolvam. Se a licitação tiver um vencedor até o meio do ano, é de se supor que a empresa receba cerca de R$ 8 milhões em 2007. A doação à campanha foi de R$ 500 mil. E, no meio tempo, a mesma empresa também ganhou um contrato – bem menor, é verdade – com a Secretaria da Fazenda.

As coincidências atravessam a Praça Nossa Senhora de Salete. E chegam à prefeitura de Curitiba. Façamos a mesma pergunta. Quem foi a maior doadora da campanha eleitoral de Beto Richa? A resposta é: a Camargo Corrêa. Doou R$ 300 mil, através de duas empresas do grupo. A empresa, também coincidentemente, foi escolhida por meio de licitação para executar – em parceria com outras empreiteiras – a primeira fase da Linha Verde, aquela que o próprio prefeito chama de sua maior obra.

Outra coincidência: a Camargo Corrêa é a proprietária da Cavo, empresa que tem o lucrativo contrato de coleta do lixo de Curitiba. A empresa doa constantemente dinheiro para candidatos a prefeito de Curitiba. Em 2004, além de Richa, receberam dinheiro da Camargo Corrêa os comitês de campanha de Osmar Bertoldi, do PFL, e de Ângelo Vanhoni, do PT. Em São Paulo, a empresa também apostou em dois candidatos opostos: de um lado, apoiou José Serra, do PSDB, que acabou vencendo a disputa. De outro, deu dinheiro a Marta Suplicy, do PT. Coincidentemente, a Cavo também é a responsável pela coleta de lixo na capital paulista.

E no Legislativo, que normalmente não contrata empresas nem faz licitações, as coincidências ligadas aos doadores normalmente aparecem nos projetos de lei apresentados pelos parlamentares. Muitas vezes, por obra do acaso, o principal beneficiado com uma proposta do deputado ou do senador é justamente o grupo econômico que bancou a sua campanha. Mas, como já se disse, deve ser só mais uma grande brincadeira armada pelo destino.

Mais demorado

O trabalho de investigação do Anexo do Palácio da Justiça, no Centro Cívico de Curitiba, deve demorar um pouco mais do que se imaginava. Os técnicos da Universidade Federal do Paraná contratados para saber se houve ou não irregularidades na obra, que custou R$ 48 milhões, estão se atolando no meio dos papéis e contratos que deram origem ao prédio. A idéia é saber se todas as modificações que foram feitas em relação ao projeto original do prédio tiveram autorização para ser feitas.

O trabalho preliminar sobre o prédio deve ser concluído dentro de duas ou três semanas, de acordo com o engenheiro civil Mauro Lacerda, que comanda os trabalhos. Mas o próprio professor já admite que a UFPR pode precisar de mais do que os 90 dias estabelecidos inicialmente para concluir as investigações.

Não custa lembrar: a obra foi posta em suspeita pelos próprios desembargadores do Tribunal de Justiça. Os quatro membros da Comissão de Obras afirmaram que há indícios de superfaturamento, licitação dirigida e falha na fiscalização da obra.

55 dias é o tamanho das férias dos deputados estaduais paranaenses a partir de agora. Antes eram 90. Muitos deles consideram que estão fazendo um grande esforço em tirar apenas dois meses durante o ano. Qual é o trabalhador que tem a mesma condição? Mais: os deputados têm sessão só quatro dias por semana. No resto do tempo, vão às suas cidades. "Consultar as bases", como eles dizem.

Prova n.º 2

O governo do estado publicou no site de sua agência de notícia, tempos atrás, um documento que supostamente comprovaria pagamento em duplicidade das obras da Curitiba–Garuva. O segundo pagamento seria um chuncho, feito para desviar dinheiro público. E a verba teria sido usada na campanha de Beto Richa. O documento publicado era o comprovante do pagamento realizado em 2002, aos 45 do segundo tempo do governo de Jaime Lerner. Parece realmente estranho um pagamento de R$ 10 milhões às vésperas de fim de governo. Ainda mais quando se sabe que a obra tinha acabado sete anos antes.

Mas por outro lado o governo continua devendo uma explicação. Se aquele foi o segundo pagamento, onde está o comprovante do primeiro? Deveria ser facilmente encontrável. Até mesmo porque a quitação das obras, segundo o atual governo, se deu ainda no primeiro mandato de Roberto Requião, no início dos anos 90. Até agora, porém, a agência não publicou o recibo. Está sendo procurado, dizem os assessores do governo.

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