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O Partido Nacionalista ­­Britânico (BNP) acaba de lembrar uma lição importante para o mundo. O que é curioso, já que ninguém esperava poder aprender uma lição com um partido de origem nazista a essa altura do século 21. Mas foi o que aconteceu. E a origem de tudo está na BBC, provavelmente a melhor rede públi­­­ca de televisão do planeta.

Eis os fatos. Nick Griffin é um sujeito que não merece ser ouvido. Dirige um partido ultrarradical de direita com propostas, no mínimo, injustificáveis. Quem quiser pode acessar a página do BNP na internet para ver. Estão lá os projetos principais da le­­­genda. Quer um exemplo? Os nacionalistas afirmam que é necessário deportar, no mínimo, 2 milhões de pessoas que imigraram ilegalmente para a Grã-Bretanha. Alguém aí consegue imaginar o que seria a deportação de 2 milhões de pessoas?

Não é tudo. Griffin e seus ul­­­tranacionalistas querem acabar com todas as leis antidiscriminação do país, para que os britânicos tenham o direito democrático de avacalhar com quem quer que seja, sem que o governo ou a Justiça possam impedir isso. Por isso o BNP se considera "o mais democrático partido britânico"! (O papel e a internet realmente aceitam tudo).

Nesta semana, a BBC cometeu um erro. Chamou Griffin para participar de um programa popular de tevê, o Question Time, onde ele responderia a perguntas sobre seu programa e suas ideias. A BBC achava que não poderia deixar o partido de fora, já que há eleições gerais no país em breve e estava dando chance a todos os outros partidos de expor seus líderes.

O programa foi um show de horrores. Griffin negou a existência do holocausto judeu, criticou o Islã, falou absurdos sobre os imigrantes e tudo o mais que se podia se esperar de um tipo como ele. Negou ser nazista, mas todo o seu discurso parece afirmar o contrário.

Griffin se fez de vítima. Diz que não participou de um programa de tevê, e sim que foi linchado. Diz que isso só aconteceu porque o programa foi gravado em Londres, uma cidade que, segundo ele, está tão lotada de imigrantes que nem pode mais ser considerada britânica. Diz ele que os ingleses hoje já são uma minoria étnica em seu próprio país. E que essa é a minoria que o apoia.

O ridículo de Griffin foi exibido em toda a sua crueza. E sabe qual foi o resultado de tudo isso? O BNP nunca teve tantas adesões quanto na noite de exibição do programa, na quinta-feira. Se­­­gundo as contas do próprio partido, 3 mil pessoas se inscreveram nas hostes nazistas depois do "linchamento".

O debate na Grã-Bretanha ontem era: a BBC deveria ter dado o direito a Griffin para que ele expusesse seu ideário? A resposta da maioria dos comentaristas foi um sonoro não. Apesar de muita gente perceber que aquilo tudo é um absurdo, a exibição de um programa antidemocrático como se fosse algo válido, como se estivesse em pé de igualdade com os demais, é um desserviço para a própria democracia.

E eis a nossa lição. Não podemos ser tolerantes com a intolerância. Não podemos aplicar as regras da democracia aos que querem matá-la. É dar a arma para que a própria liberdade venha abaixo. Esperemos que a onda pró-nazista pare logo.

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