Vamos ser honestos. A campanha para prefeito acabou. Aliás, neste ano, excepcionalmente, acabou antes mesmo de começar. É hora de tentar compreender o que o processo nos deixa de legado. E, principalmente, o que deixa de legado para cada um de seus atores. Vejamos:
- Beto Richa: levou fácil e só não sai candidato a governador se não quiser. Caso as pesquisas estejam certas, deve fazer perto de 800 mil votos na cidade. Requião se elegeu governador com 2,6 milhões de votos no estado inteiro.
- Gleisi Hoffmann: continua onde estava. Sem mandato, mas pelo menos mais conhecida. Para o Senado, em 2010, tem grandes chances.
- Carlos Moreira: saiu do quentinho da universidade e tomou um balde de água gelada na cabeça. Se as pesquisas acertarem e ele fizer 2% dos votos, deve ter algo perto de 24 mil eleitores. Não dá para se eleger deputado estadual.
- Roberto Requião: é o maior derrotado da eleição, sem sombra de dúvida. Sua aposta em Moreira resultou numa campanha pífia, que arrisca dar menos votos ao PMDB do que a fracassada candidatura de Max Rosenmann, em 1996. Elegeu Beto seu adversário e, por um erro de cálculo, elevou-o de categoria: de prefeito de primeira viagem a principal opositor do governo do estado.
- Partidos de esquerda: fracasso completo. O PT terá a menor votação na cidade desde 1996. Na Câmara, os aliados de Beto deverão dar uma lavada. Mesmo em alguns partidos supostamente de oposição, os candidatos que têm mais chance de ganhar parecem muito pouco convictos sobre qualquer importância da ideologia. Há gente ligada a futebol, apresentadores de programa de polícia... Todos devem aderir alegremente à prefeitura passada a posse.
- Osmar Dias: apoiou Beto Richa na esperança de ter um cabo eleitoral forte daqui a dois anos. Agora, de tão certo que a campanha do aliado deu, sua candidatura ao governo em 2010 está mais do que ameaçada. Sairia contra Richa? Não bastasse o irmão Alvaro, terá de dividir o holofote com mais um do mesmo grupo.
- Luciano Ducci: está passando sebo nas canelas para assumir a prefeitura dentro de dois anos.
- Jaime Lerner: do silêncio do auto-exílio, deve estar dando risada. Elegeu mais um sucessor e ainda continua incomodando, por tabela, o eterno rival Requião.
- Eleitor: perdeu. Primeiro, por ver um debate absolutamente abaixo da crítica, sem idéias realmente interessante e sem garra nenhuma. O prefeito ficou no pedestal e a oposição errou de tom, mais uma vez, deixando o líder falando sozinho com o povão. Perdeu também pela falta de adesão dos dois principais candidatos ao desafio feito por esta Gazeta: nem Beto, nem Gleisi publicaram seus doadores de campanha até o momento. Lamentável.
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