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Quando quer dizer que alguma coisa é sem graça, o colunista José Simão, da Folha de S.Paulo, costuma dizer que tal coisa é mais desanimada do que o carnaval de Curitiba. Realmente, se algo for mais devagar do que o carnaval daqui é porque a coisa ficou feia. Pois bem. Estou chegando à conclusão de que não é só carnaval que é sem graça por essas bandas. Eleição em Curitiba também é de um tédio impressionante.

Primeiro: alguém viu campanha para prefeito por aí? Só o que tem são uns camaradas agitando bandeirinhas nas esquinas do centro. E, mesmo assim, num desânimo de dar dó. É fácil de explicar. Em primeiro lugar, os candidatos não animam muito mesmo. Em segundo, ninguém está ali fazendo campanha porque quer. Ou o caboclo está bandeirando porque precisa de uns trocados ou porque o chefe mandou largar o expediente na repartição.

Militância? Ora, alguém acha que essa eleição vai arrastar militantes por aí? Os poucos partidos com ideologia são os nanicos, como o PSol, do candidato "sem-catracas". O PT, que antes tinha um apelo forte, hoje virou mais um partidão mastodôntico, sem identidade, misturando-se aos amorfos PMDB, PSDB e DEM (quando chamava PFL, pelo menos alguma identidade tinha. Mas é preciso apagar o passado, quando ele condena...).

Um pouco da falta de ânimo é compreensível pela imensa distância que separa Beto Richa de seus adversários (ou nem tão adversários) nas pesquisas. Todo mundo sabe que ele já levou essa. As novas pesquisas de ontem ajudaram a confirmar o óbvio.

Mas nem quando a disputa é mais acirrada a coisa muda de figura. Quando Cassio Taniguchi e Angelo Vanhoni terminaram uma eleição praticamente empatados, em 2000, foi a mesma lenga-lenga, dos dois lados. Até o apresentador do último debate na Globo, que havia vindo de fora para mediar o programa, morreu de tédio. Saiu de lá reclamando: "Onde esses caras pensam que estão? Na Suíça?"

Ok, civilidade é bom, respeito é fundamental. Mas um pouco de acirramento na campanha não faria mal a ninguém.

A impressão que fica é que os únicos dois políticos de Curitiba que sabem fazer uma eleição pegar fogo já foram prefeitos. Um é o atual governador Roberto Requião, que escolheu como seu candidato o pálido Moreira. O outro é Rafael Greca. Depois deles, o tédio.

Mundo de gente

O IBGE é quem diz: Curitiba ganha 110 novos habitantes todos os dias. São quase 40 mil habitantes por ano. Em dez anos, isso significa uma nova Maringá. Já imaginaram o que isso quer dizer? Se hoje faltam 9 mil vagas em creches, quantas faltarão? Se hoje temos 1 milhão de carros nas ruas, como ficará o trânsito? Se os ônibus estão superlotados hoje, imaginem como será. E os nossos candidatos continuam a evitar assuntos fundamentais: de um lado, acusações tolas sobre gastos de viagem; de outro, um grupo que continua governando para os habitantes do Batel. Preparem-se para um futuro tumultuado.

Falando demais

Na semana passada, esse espaço reclamou da postura da Justiça, que bloqueou as contas do governador Requião com uma rapidez extraordinária. Poucos dias depois, o governador, que poderia se sair como herói, deu uma de trapalhão. Inventou que não consegue pagar as contas por causa disso. Ora, só o salário da esposa, devidamente alocada em um cargo público, seria suficiente para pagar tudo. Tem gente que não sabe ficar quieta mesmo.

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