Candidato a senador, o governador Roberto Requião deve deixar o palácio provisório das Araucárias no dia 3 de abril do ano que vem. É o que prevê o calendário eleitoral de 2010, divulgado anteontem pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Isto posto e consultada a folhinha, verifica-se que teremos de hoje até lá 150 dias úteis aqueles em que supostamente a administração pública trabalha. Assim, para este cálculo não foram computados os sábados, os domingos e os feriados, assim como as 36 terças-feiras que teremos nesse período, porque este é o dia em que todo o alto escalão participa da "escolinha" e passa o resto do dia rindo das piadas do animador.
A rigor, portanto, restam cinco meses úteis para que sejam cumpridas algumas promessas e obras sejam concluídas, entrem em funcionamento efetivo ou, pelo menos, iniciadas. Vejamos, então, o que os paranaenses esperam que aconteça nesse período:
que os 24 hospitais prometidos em 2006 entrem em funcionamento pleno. Vários deles aqueles dados como concluídos ou não têm todos os equipamentos ou não dispõem de pessoal. Há os que estão quase desabando (caso do de Guaraqueçaba) e há também os que ainda nem saíram da prancheta.
que entregue as 200 mil casas populares anunciadas no discurso de posse de 2003.
que ligue a Ferroeste ao Mato Grosso do Sul e a Santa Catarina.
que, mesmo sem a ajuda de Osmar Dias, livre-se dos títulos podres que deve ao banco Itaú e em virtude dos quais paga multa ao governo federal.
que construa o Cais Oeste, realize a dragagem de manutenção e prepare o porto para o aprofundamento para 14 metros que o governo federal pretende fazer com dinheiro do PAC.
que cumpra a mais emblemática das promessas de 2002 e reafirmadas na campanha de 2006: baixar ou acabar com o pedágio. Federalizar, como agora também vem prometendo, não vale.
Foram enumeradas apenas seis frentes. Claro que há outras, mas fiquemos apenas nestas poucas para que a média de realizações a serem cumpridas nos dias e meses úteis que faltam seja menor. Se não der para fazer tudo, quem sabe o vice Orlando Pessuti, que completará o período administrativo pelos nove meses seguintes (também não necessariamente úteis, pois estará em campanha) consiga salvar as aparências.
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Olho vivo
Lapso
Houve um lapso na coluna de ontem. Ao dar nomes aos deputados que passariam a fazer parte da bancada oposicionista, faltou o do parnanguara Mario Roque. Muito embora seja filiado ao PMDB, Roque inscreveu na história política do Paraná um antológico vídeo de ataque ao governador Requião. Jogou em suas costas a culpa pela derrota na eleição para a prefeitura de Paranaguá, no ano passado. Roque assumiu uma suplência há poucos dias e ainda não mostrou de que lado está. Se for do contra, a oposição passaria a ter 27 deputados e a situação 26.
Amarelos 1
Quase ninguém acredita na sinceridade dos tucanos de bico vermelho que amarelaram. Anteontem, o presidente do PSDB, deputado Valdir Rossoni, anunciou ter obtido o compromisso dos cinco deputados que perfilavam com o governo de que passariam a integrar a oposição. Informou também que os que ocupam cargos no governo pediriam exoneração. Rossoni foi contestado: Nelson Garcia disse que não larga a Secretaria do Trabalho e Luiz Malucelli Neto renovou obediência a Requião.
Amarelos 2
Quanto aos demais, não se sabe de manifestações de contrariedade, mas notícias não confirmadas diziam ontem que teriam se reunido com o líder máximo dos tucanos de bico vermelho, o presidente do TC, Hermas Brandão. Se houve mesmo tal reunião, desconhecem-se os resultados.
Amarelos 3
O fato é que Hermas tem uma histórica ligação com o governador: seria seu vice em 2006 se Rossoni não tivesse levado a sigla a apoiar Osmar Dias. Ganhou, porém, a cadeira de conselheiro e continuou fiel a Requião, muito embora trabalhe como mentor político do prefeito Beto Richa. É dele a ideia de unir PSDB e PMDB, com Alexandre Curi na vice de Beto.
Factoide
José Serra desmentiu a notícia de que jantaria ontem com Requião. Sequer sabia disso, ao contrário do que se espalhou em Curitiba: nesse encontro, o governador tentaria convencê-lo de que a melhor opção de candidato do PSDB no Paraná seria Alvaro Dias, único com quem o PMDB conversaria.
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