O conselheiro Hermas Brandão tem duplo motivo para exibir ar de felicidade. O primeiro é o fato de, após apenas dois anos da nomeação para o Tribunal de Contas, ter sido eleito seu presidente caso único na história do TC. O outro é a recente compra de uma das maiores, mais tradicionais e mais vistosas fazendas do Paraná a histórica Fazenda Califórnia, em Jacarezinho, no Norte Pioneiro.
Antiga propriedade da família Ferroni, a fazenda de mil alqueires fica a cerca de dez quilômetros do perímetro urbano da cidade, mas abrange também os municípios de Ribeirão do Pinhal e Santo Antônio da Platina cidades próximas do reduto de Hermas, Andirá, onde ainda consta como titular de um cartório de registro de imóveis, e onde iniciou sua carreira política como prefeito em 1976.
Formada na primeira metade do século passado, a fazenda ficou internacionalmente conhecida pela altíssima produtividade e pela qualidade do café que produz e exporta. Terra da melhor qualidade, planta-se nela também soja e cria-se gado.
Gente do mercado imobiliário calcula que o valor real da área chegaria a pelo menos R$ 80 milhões, mas outros informantes dizem que os herdeiros do pioneiro Ferroni fecharam negócio por R$ 50 milhões.
Ex-secretário da Agricultura, ex-deputado estadual por cinco mandatos, ex-presidente da Assembleia Legislativa, grande proprietário de terras no Pará e pecuarista no Paraná apesar disso tudo Hermas teria acumulado fortuna suficiente para suportar compra apenas parcial da fazenda, que teria sido dividida com um grupo empresarial de Ourinhos (SP).
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Olho Vivo
Sob condição 1
O empresário Roberto Demeterco (ex-Mercadorama) é o líder de um dos dois grupos empresariais interessados na compra do terminal portuário privado da Ponta do Félix, em Antonina, colocado à venda pelos fundos de pensão que administram o porto da cidade. Sócio da Standard Logística, Demeterco já fez sua proposta de compra, rondando a casa dos R$ 100 milhões. O outro grupo seria a Equiplan, também paranaense.
Sob condição 2
O sócio controlador do Ponta do Félix é o poderoso Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Os outros fundos, minoritários, são os da Copel e da Sanepar, que já manifestaram concordância em alienar suas participações. Constituídos por servidores de duas empresas controladas pelo governo do estado, esses fundos ficaram igualmente insatisfeitos com a maneira como a administração estadual trata o Porto de Antonina responsável pela baixa rentabilidade do investimento que fizeram.
Sob condição 3
O negócio com uma dessas duas empresas ou com uma terceira, não identificada pelas fontes tem prazo legal para ser fechado: 3 de fevereiro. Teme-se, no entanto, que novas dificuldades sejam impostas pelo governo assim como ocorreu no ano passado quando o então superintendente da Appa, Eduardo Requião, praticamente impediu a venda para um grupo canadense de fertilizantes. Agora, segundo se informa, é o próprio governador Roberto Requião que teria imposto a condição de ser ouvido antes de qualquer decisão.
Sob condição 4
A venda do terminal vem sendo há tempos encarada pela comunidade de Antonina como a salvação para o futuro da cidade. Desde que o Previ e seus sócios decidiram vendê-lo, estranhamente o governo baixou sobre o porto várias medidas que o inviabilizaram economicamente. Atualmente, o movimento médio é de apenas um pequeno navio por mês, já que foram proibidas as operações com cargas tradicionais, como madeira, papel e minérios. Seiscentos trabalhadores foram demitidos; a economia da cidade parou. Há sinais, no entanto, de que, se a compra se der por uma empresa do "agrado" do governo, todas os obstáculos seriam removidos.
Regressiva
Hoje é dia 18 de janeiro. Dia 2 de fevereiro o deputado Nelson Justus toma posse para novo mandato na presidência da Assembleia Legislativa. Portanto, faltam apenas 14 dias para que ele anuncie os termos do projeto de transparência que prometeu no ano passado. No auge da crise dos gafanhotos funcionários fantasmas de gabinetes dos deputados descobertos pelo Ministério Público , Justus prometeu que até o fim do seu atual mandato o distinto público eleitor e contribuinte poderia saber tudo sobre a Assembleia dos nomes de seus funcionários até os gastos de todos os gabinetes.
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