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Olho vivo

Pizza 1

A CPI do Derosso seria inevitável: a oposição estava perto de conseguir as 13 assinaturas necessárias para sua convocação quando, diante dessa realidade, os aliados do presidente da Câmara de Vereadores, João Cláudio Derosso, decidiram assinar em massa o requerimento. Até ontem à noite, 34 dos 38 vereadores já haviam aposto suas firmas no documento. Ao líder da oposição e proponente da CPI, vereador Algaci Túlio, competirá apenas protocolar o pedido na tarde de hoje.

Pizza 2

Mas por que tanto e tão repentino apoio? Resposta fácil: porque a CPI terá 11 membros, dos quais pelo menos seis (isto é, a maioria) frequentam a mesma missa de Derosso. O minoritário bloco de oposição terá direito a apenas três vagas. Outras duas serão ocupadas por vereadores que podem ficar de um lado ou de outro. Logo, os partidários de Derosso esperam estancar as investigações dentro da própria comissão encarregada de investigar.

Pizza 3

Após lido o requerimento, os partidos devem indicar seus representantes e, dentre estes, a CPI elege o presidente e o relator. É da tradição parlamentar em todo o mundo que uma dessas posições seja dada ao autor da iniciativa – no caso, Algaci Túlio. Mas não será surpresa se tanto a relatoria quanto o presidência caiam em mãos situacionistas. Tem gente que já está preparando o forno onde será assada a nova pizza.

Esta coluna mostrou no domingo que as tropas de Beto Richa e Luciano Ducci já avançaram quilômetros sobre o campo do ex-deputado e pré-candidato a prefeito de Curitiba Gustavo Fruet. Do PSDB e PSB, passando pelo DEM e pelo PPS, quase todos os grandes partidos se alinharam ao propósito de reeleger Ducci e de asfixiar Fruet, que deixou de ser tucano – partido no qual não se sentia seguro – para viabilizar a candidatura por outra legenda e outra frente.

Foi um jogo arriscado. Embora conhecido nacionalmente por sua atuação na oposição ao governo do PT, restaram a Fruet exatamente as legendas que formam a base de Dilma Rousseff. É nesta fonte que ele busca água para beber – a começar pela filiação, que deve sacramentar nos próximos dias, ao PDT, uma das siglas da base governista.

Há, portanto, uma contradição político-ideológica na opção que está abraçando. De que maneira esse fato vai influenciar a preferência pelo seu nome? A última pesquisa conhecida é do Ibope, realizada em maio passado. Nela, Gustavo Fruet aparecia 11 pontos (34% a 23%) à frente de Luciano Ducci. Uma (então já cogitada) mudança de lado afetaria seu desempenho eleitoral? – perguntava a mesma pesquisa aos 1.800 en­­trevistados.

A resposta obtida foi de que não, não afetava tanto. Os eleitores mostraram que seu nome era mais forte que qualquer legenda: 77% deles afirmaram que não mudariam sua disposição de votar em Gustavo Fruet, ainda que, em última hipótese, precisasse se filiar até mesmo ao PT. Apenas 8% dos entrevistados disseram que, neste caso, mudariam seu voto.

Foi o resultado desta pesquisa que deu segurança a Gustavo para precipitar sua saída do PSDB e para sair em busca de outro abrigo. Foi animado também pelos contatos com altos dignitários petistas, dentre os quais o ministro das Comuni­­­cações, Paulo Bernardo. O raciocínio se completou com outro: a eventual perda de eleitores antipetistas seria compensada pelo voto dos simpatizantes do PT e pela azeitada máquina do poder central.

O PT tem planos para 2014 que, necessariamente, passam por 2012. Eleger no ano que vem o prefeito de Curitiba em oposição ao grupo de Beto Richa é fundamental para dar viabilidade à candidatura da senadora (e atual ministra da Casa Civil) Gleisi Hoffmann e à reeleição de Dilma Rousseff para a Presi­­dência.

Sem candidatos fortes para enfrentar o esquema político de Richa, ficou evidente para a alta cúpula do PT que a melhor estratégia seria a de tomar emprestado o prestígio popular de Fruet – projeto que se fortaleceu na semana passada quando da vinda a Curitiba do presidente nacional petista Rui Falcão. Embora procurando não desprestigiar os nomes próprios que mostram vontade de se lançar candidatos, Falcão deixou claro que a escolha final será determinada pela prioridade que o partido dá às eleições de 2014. O que significa que o PT pode optar pela aliança com Gustavo Fruet já no primeiro turno.

Logo, se a armada de Beto Richa/Luciano Ducci já foi colocada em campo, Gustavo não se sente só. Acredita que pode responder o fogo com artilharia pesada. A guerra está apenas começando.

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