"Leis são como salsichas; é melhor não saber como são feitas." O pensamento sarcástico de Otto von Bismarck, o grande estadista alemão do século 19, é aplicável também às campanhas políticas: elas são feitas de modo muito similar ao das salsichas, como se viu no caso revelado ontem por este jornal, que teve como protagonista principal o ex-secretário municipal Manassés de Oliveira.

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A reportagem relata o que mostra um vídeo feito em 2008 em que aparece um grupo dissidente do PRTB, liderado por Manassés, recebendo R$ 800 cada um, em dinheiro vivo. Seria a segunda parcela de um total combinado de R$ 1.600. Os 23 beneficiários do dinheiro haviam desistido de concorrer à Câmara de Vereadores de Curitiba para apoiar a reeleição de Beto Richa, em protesto contra a decisão do seu nanico partido de aliar-se ao PTB, que lançara como candidato a prefeito o deputado Fábio Camargo.

Para quem está acostumado a tomar conhecimento de escândalos milionários nas campanhas políticas, o de agora parece ser uma bobagem. Puxa! R$ 1.600? Só? Um caso desse não mereceria manchete de jornal nem reportagem no Fantástico.

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O problema é que, anestesiados por fatos muito mais escandalosos, nem sempre nos damos conta de que mais importante do que os valores eventualmente envolvidos é o método. E o método, se assemelha ao de uma salsicharia. É esse o X da questão – sempre muito mal-explicado pelos personagens enrolados na trama.

Olho Vivo

O quadro fica mais claro Requião está fechado com Orlando Pessuti e não abre. Considera uma indecência as tentativas do PT de atrair seu apoio à candidatura do senador Osmar Dias – considerado por Lula o par ideal da campanha de Dilma Rousseff no Paraná, tendo por companhia no palanque o PMDB de Requião. O governador rejeita essa hipótese e é o que pretende dizer hoje, em Londrina, ao presidente Lula.

Aceita apoiar Dilma Rousseff, mas quer manter distância de Osmar Dias, tido por ele como representante do agronegócio e da direita. Por isso, segundo anunciou sábado durante encontro do PMDB estadual realizado em Curitiba, que está comprometido com o candidato do partido, o vice-governador Orlando Pessuti.

Requião sabe das poucas chances de Pessuti no confronto deste com Osmar Dias e Beto Richa. Certamente seu candidato amargaria um modesto terceiro lugar – mas ajudaria a levar a eleição para um segundo turno.

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A definição de Requião de modo enfático também serve para clarear o quadro político no Paraná. Agora já se sabe quem é quem realmente. Já não há mais dúvidas – desde a reunião do PSDB em Foz do Iguaçu, há duas semanas – que Beto Richa não abre mão de lançar-se na disputa. Sabe-se, igualmente, que o PMDB tem candidato e que este, enfim, parece ter recebido bênçãos incondicionais do governador. E que Osmar Dias também é irreversivelmente candidato.

A dúvida que permanece: o PT conseguirá realizar o sonho de ter Osmar como seu candidato? Ou terá de lançar candidato próprio?