Os intrigueiros de plantão conseguiram fazer germinar a cizânia entre o ex e o atual presidente da Cohapar, respectivamente o deputado Luiz Cláudio Romanelli e o ex-deputado Rafael Greca. A cizânia consistiu na revelação de que o primeiro teria vendido recebíveis para outras instituições, deixando a Cohapar sem receita futura daí a crise que pela qual a empresa estaria passando. Esta informação foi publicada anteontem por esta coluna.
Foi o que bastou para que o deputado Romanelli, líder do governo na Assembleia, reagisse. Confirmou que, em sua gestão, antecipou, sim, receitas futuras "vendendo" para a Caixa e para o Ministério das Cidades casas usadas por mutuários inadimplentes. Com esta receita, diz ele, pôde construir mais habitações e sanear a carteira da Cohapar.
A tal ponto a medida teve sucesso que, segundo ele, foi possível em sua gestão (janeiro de 2003 a março de 2006) finalizar 18 mil casas e deixar 12 mil iniciadas para seus sucessores. Logo, conclui-se que, se a Cohapar hoje passa por dificuldades, a culpa não é dele, mas dos que vieram em seguida.
Pois bem: o atual presidente, Rafael Greca, não gostou de ler isso e mandou sua assessoria escrever uma nota para informar que:
Romanelli entregou pouco mais de 6 mil casas em seu período e não as 18 mil de que falou.
A Cohapar entregou 10 mil habitações entre fevereiro de 2007 (quando Greca tomou posse) e o fim de 2008.
Entre as gestões de Romanelli e Greca, assumiu por um ano a presidência da Cohapar a arquiteta Rosangela Curra, que inaugurou nesse tempo 5.500 casas.
Greca mandou dizer também que a Cohapar está financeiramente saudável: "Todos os pagamentos aos fornecedores estão rigorosamente em dia nos 204 canteiros de obras, onde a empresa está construindo 9.120 unidades".
Pronto: agora sim é possível vislumbrar com relativa precisão o fracasso da política habitacional do governo Requião. Em seis anos de administração (2003-2008) foram entregues tão somente 22.600 casas pelas contas de Rafael Greca ou, no máximo, 34 mil pelas contas de Romanelli.
Impossível não lembrar a promessa de Requião em seu discurso de posse em 2003: dizia ele que resolveria o problema habitacional de 200 mil famílias em quatro anos! A promessa ficou reduzida a 10%, no máximo 15% da meta. O que, convenhamos, não deixa de representar um relativo êxito se comparado ao resultado obtido com outra promessa aquela de baixar ou acabar com o pedágio.
Minha Casa, Minha Vida
Tem também outra história para complementar essa: o governador andou criticando, face a face com a ministra Dilma Rousseff, o programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado por Lula. Segundo ele, o programa deveria se chamar "Minha Casa, Empreiteiro Feliz", pois, pelo preço que o governo federal está disposto a pagar, seria capaz de construir o dobro de casas muito embora, de acordo com os números da Cohapar, tenha conseguido fazer apenas um décimo do que prometeu.
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Olho vivo
Hã? 1
Com seus dois pesados motores avariados, a draga holandesa HAM está parada há um mês e a dragagem do Porto de Paranaguá só poderá ser continuada depois que o equipamento for consertado. O governo contratou (sem licitação) a empresa Somar por R$ 29 milhões para realizar o serviço em 100 dias, a contar do dia 10 de fevereiro passado isto é, há 78 dias quando os trabalhos foram iniciados.
Hã? 2
Apesar dessa desventura, (não noticiada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina Appa), ontem foi um dia de novidades portuárias na "escolinha". Foi anunciada, por exemplo, a disposição de investir R$ 260 milhões para, entre outras coisas, comprar uma draga que seja capaz de dragar o Porto de Antonina. É que a Hã?, ou melhor, a HAM, de tão grande, não consegue navegar nas águas rasas da Baía de Antonina.
Hã? 3
Outro investimento público será a construção do Cais Oeste, agora solenemente batizado de Corredor de Exportação Oeste, a ser utilizado pela Bunge, uma multinacional que negocia com os famigerados transgênicos. É a quinta vez que o governo promete fazer esse cais. Na primeira, devolveu o dinheiro federal que estava destinado a fundo perdido para a obra.
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