Olho vivo
Radares 1
Começou a tramitar na 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba a Ação Civil Pública 1.389/2009 proposta por quatro promotores do Ministério Público Estadual contra o ex-prefeito Cassio Taniguchi e o ex-presidente da Urbs em sua gestão, Fric Kerin, paguem aos cofres municipais a importância de exatos R$ 141.975.131,77 a título de ressarcimento por prejuízos que teriam causado por má gestão do sistema de radares de trânsito de Curitiba.
Radares 2
A história começa quando os promotores constataram que, a título de educação dos motoristas, os radares, no início de sua implantação, em 1999, flagravam as infrações, mas a Urbs não lhes cobrava as multas a não ser quando fosse constatada a segunda reincidência. Entretanto, mesmo sem receber o valor das multas, a prefeitura pagou à empresa Consilux o valor contratado para cada infração que seus equipamentos registrassem (na época, R$ 9,50 por multa). Pelos cálculos do Ministério Público, deixaram de ser recolhidas multas naquele montante.
Radares 3
Mesmo assim, a prefeitura na época pagou à Consilux, em valores atuais, R$ 6.548.646,78. Os promotores entendem que Taniguchi e Fric Kerin devem fazer o ressarcimento total, mas se conformam se, pelo menos, devolverem apenas o que pagaram à Consilux, isto é, os R$ 6,5 milhões.
Radares 4
No seu entender, o pagamento foi irregular, não previsto no contrato entre a prefeitura e a empresa, e configura crime de improbidade administrativa. Não houve, segundo dizem na ação que propuseram, nem sequer a necessária publicação de decreto ou qualquer outro tipo de ato legal no Diário Oficial que permitisse essa prática. Os motoristas foram informados apenas por notícias de jornal. A ação civil pública é assinada pelos promotores Paulo Ovídio dos Santos Lima, Cláudio Diniz, Adriana Câmara e Danielle Gonçalves Thomé.
Como numa corrida da São Silvestre ou numa maratona olímpica, os atletas mais inexperientes saem numa corrida louca para, já pouco mais à frente, perderem o fôlego. Já os experientes fazem o contrário: começam devagar, economizam energia, acumulam oxigênio para, só na reta final, acelerar o passo e alcançar a vitória.
A corrida eleitoral do Paraná parece que só reuniu atletas de primeira viagem, que, depois da ebulição dos hormônios iniciais, já demonstram cansaço. A batalha da sucessão está modorrenta, não há fatos novos relevantes e nem maratonistas experientes nos calcanhares dos esbaforidos.
Em resumo, o quadro ainda é o seguinte:
- Osmar Dias mantém em banho-maria a aliança com o PT de Lula e Dilma Rousseff, na expectativa de que seja novamente entronizado na frente partidária que, no passado, lhe prometera a vaga de candidato. Enquanto isso, percorre o estado colocando em discussão e coletando sugestões para o seu Projeto Paraná.
- O prefeito Beto Richa, que tomou o lugar de Osmar nessa frente, diminuiu um pouco a euforia inicial, mas faz quase o mesmo que o adversário: toda semana vai para o interior em busca de aliados. Agora vai para o Oriente Médio, onde obviamente não tem eleitores, mas espera tirar proveito da notoriedade internacional. Tem ainda uma pulga atrás da orelha a incomodá-lo: a vaga de candidato do PSDB é disputada também pelo senador Alvaro Dias.
- Alvaro Dias aposta que a vaga, por enquanto, é dele e que a direção nacional do partido vai honrar a palavra de que a candidatura será definida por meio de uma pesquisa de opinião pública. Quem se sair melhor será o candidato. Incansável, também está na lida para melhorar sua posição.
- Outro candidato é Orlando Pessuti, que vive as agruras de não ser levado a sério por boa parte do seu partido, o PMDB. Dessa parte incrédula faz parte até o governador Roberto Requião que, ao invés de ajudá-lo, tem atrapalhado. Pessuti teme ser trocado por outro atleta, num insondável acordo que, lá na frente, venham a fazer.
Quando essa situação modorrenta vai mudar? Não se esperem grandes novidades antes de março. Até lá, Beto Richa terá de decidir se renuncia ou não ao cargo de prefeito; Osmar Dias saberá a aliança com a qual poderá disputar; Alvaro conhecerá o resultado da pesquisa; e Pessuti, quem sabe, terá consolidado seu nome para representar o PMDB.
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