A Lei de Gerson e a política paranaense

Lembram-se da Lei de Gerson? Gerson, o genial meia da seleção de futebol, foi garoto-propaganda de uma marca de cigarros lá pelos idos da década de 70. No encerramento do comercial de televisão, ele dizia: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também."

Pois nos dias atuais da política paranaense, em que todos só pensam naquilo, isto é, na eleição de 2010, a lei está em pleno vigor e absoluto uso. Os arranjos ensaiados pelos partidos e/ou pelos pretendentes ao cargo de governador parecem ter em vista tão somente a vantagem eleitoral que se pode tirar deles. Quanto maior a potencial vantagem, melhor o arranjo.

Não entram em consideração as eventuais diferenças de fundo ideológico; não se discutem programas e projetos; esquecem-se alianças e compromissos; sepultam-se a coerência e a aparente lógica traçada pela história recente; buscam-se acordos com inimigos e adversários – tudo em nome da vantagem que se pode obter...

Olhadas sob esse prisma da Lei de Gerson, não chegam a espantar, por exemplo, hipóteses que pareciam autênticos disparates até pouco tempo atrás. Veja algumas das quais se fala com insistência nas últimas semanas:

• O presidente Lula cita o senador Osmar Dias (PDT) como um candidato que gostaria de ter como aliado no Paraná para ajudar Dilma Rousseff.

• Osmar Dias, cansado de ver os sinais de desmanche da ligação que mantém com os tucanos & associados, mostra satisfação em ser objeto de desejo dos petistas.

• O senador Alvaro Dias (PSDB) e o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB), ambos pretendentes ao governo, sinalizam sua disposição para um acordo: passeiam juntos à beira mar, sorridentes, cumprimentando veranistas no primeiro dia de carnaval.

• Deputados do PMDB, embora jurem fidelidade à candidatura própria, com Orlando Pessuti, se aproximam do tucano Beto Richa. Alexandre Curi até coloca seu nome como candidato a vice para sacramentar o casamento do seu partido com o PSDB.

• Outra ala do PMDB arrasta asas para Osmar Dias.

• O PSDB faz movimentos pendulares – ora na direção de Beto Richa, ora na de Osmar Dias. O bloco dos tucanos de bico vermelho também não descarta seguir obedecendo às conveniências de Requião.

• O PT fala em candidato próprio, preferencialmente o ministro Paulo Bernardo, mas considera natural lançar Osmar, cujo partido faz parte da base de Lula no plano federal.

• Aliado de Requião e participante de seu governo, o PT também não dispensa a presença do PMDB no palanque. Aliás, as direções dos dois partidos sentam-se à mesa para conversar sobre o assunto assim que a vida voltar ao normal no pós-carnaval.

• Requião, fiel à própria história, faz qualquer jogo, desde que possa fazer navegar tranquila a sua candidatura ao Senado. Dependendo das vantagens que vislumbrar, arruma-se com facilidade com Alvaro, Beto, Osmar ou Pessuti.

• DEM, PPS e PP ainda espreitam o panorama. Nenhum desses partidos demonstra posição forte e irreversível em favor (ou contra) quem quer que seja.

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Olho Vivo

Segunda classe

Do jornal O Estado de São Paulo de ontem a respeito da presença de Lula e Requião no Sambódromo do Rio: "Na área onde estava o presidente tiveram acesso, além do governador e da mulher, o jornalista Sérgio Cabral, pai, Zeca do PT, parentes de Lula e o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pesão. Na outra ala, uma espécie de segunda classe, estavam a ex-governadora do Rio Benedita da Silva, o governador do Paraná, Roberto Requião, e a empresária Lili Marinho."

Otimismo

O deputado Gustavo Fruet (PSDB) empenha-se agora num novo movimento. Na esteira da bombástica entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), Fruet juntou-se a outro ícone do Congresso, o deputado Fernando Gabeira (PV), para formar uma frente parlamentar de luta contra a corrupção. Os três se reuniram na semana passada para dar os primeiros passos à ideia. Estão otimistas: segundo Gabeira, em declaração a um blog da Folha de São Paulo, espera-se a participação de 30 dos 590 congressistas!

Otimismo

Os primeiros dois dias de carnaval contabilizaram 27 mortes violentas em Curitiba e região metropolitana. Só da noite de sexta-feira para a manhã de sábado foram 14 as vítimas que deram entrada no Instituto Médico-Legal. O balanço criminal dos dias de folia será divulgado amanhã pela Secretaria da Segurança.