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Quase sete horas da noite de ontem. O trânsito congestionado e atormentado pelas buzinas comemorativas pela magra vitória do Brasil sobre a Coreia do Norte não impediu que o governador Orlan­­­do Pessuti percorresse o caminho entre o Palácio das Araucárias e um edifício situado nas imediações da Praça do Japão, no Batel. Nesse endereço esperava-o o agitado senador Osmar Dias.

Nove da noite. Sem testemunhas e sem ventríloquos para falar em nome de qualquer dos dois alquimistas, do resultado desse encontro nada se soube. Soube-se antes, porém, do que trataria a conversa agendada às pressas para depois do jogo da seleção: Pessuti e Osmar falariam, talvez pela última vez, da possibilidade de desistência da candidatura ao governo do primeiro para viabilizar a do segundo com o apoio do PMDB.

Osmar tinha mais a escutar do que a falar. E teria ouvido do governador – segundo sinais que emitiu antes do encontro – que, de fato, ele não está disposto a abandonar o projeto de ser candidato, o que sepultaria a última esperança do senador.

Entretanto...

Entretanto, Pessuti poderia mudar de ideia e fazer o que lhe pedem, pela ordem, outros alquimistas políticos: o presidente Lula, o PT, Requião, dirigentes do PMDB nacional empenhados em fortalecer Dilma, deputados estaduais temerosos de perder seus mandatos e muitos outros coadjuvantes. Entretanto (eis aí o vocábulo novamente!), o governador não faria o anúncio da desistência sem, antes, estabelecer algumas condições.

Ele não quer sair dessa história como um perdedor, mas como alguém que sacrificou um projeto pessoal em nome de uma causa, em nome de causa que considera melhor para o Paraná. Outra condição: não pretende, com a provável renúncia, renunciar também ao seu futuro político. Indicar o vice de Osmar Dias conta ponto nesse sentido.

Ficaria igualmente feliz se fosse compensado com a generosidade federal para marcar seu curto mandato com recursos e realizações importantes, o que lhe garantiria portas abertas para novas oportunidades. Também não quer ser esquecido pelos beneficiários após ter facilitado a eventual vitória de Dilma e Osmar. E ainda: Pessuti não anunciaria a desistência no Paraná, mas em ocasião solene, à altura da grandeza do seu gesto, de preferência em Brasília.

Diante de tantos prolegômenos, a chance de tais conjecturas – vazadas por boas fontes – se transformarem em fatos ainda vai demorar pelo menos uma semana. Isto é, Osmar Dias tende a continuar empurrando sua decisão por mais este período.

A aflição no endereço de Beto Richa

Em outro endereço, não muito longe da Praça do Batel, a aflição não era menor. Nele, o ex-prefeito Beto Richa esperava também para ontem à noite, ansiosamente, a resposta final de Osmar Dias quanto à proposta para que concorresse à reeleição ao Senado na chapa liderada pelo PSDB.

No dia anterior, o presidente do partido, deputado Valdir Rossoni, dava como absolutamente certo que Osmar já havia decidido aceitar o convite, esquecendo até mesmo a mágoa de ter sido rompido o direito de preferência pelo seu nome firmado num suposto acordo entre ambos nos idos de 2008.

O PSDB tinha (tem) pressa nessa definição. Afinal, além de ter anunciado repetidamente que o acordo com o PDT já havia sido firmado, gostaria de oficializar a chapa completa na convenção estadual marcada para sábado – com vuvuzelas e tudo o mais. Até ontem à noite, porém, continuava reinando apenas a expectativa.

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