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Vai durar pelo menos até as 20 horas de hoje a dúvida que o PSDB lançou quanto à verdadeira interpretação que deveria ter a carta dirigida pelo senador Osmar Dias à direção nacional do seu partido, o PDT. Nesta hora, é bem possível que a fumaça branca anuncie duas importantes decisões – a de que o governador Orlando Pessuti deixa de ser candidato e que Osmar Dias entre no lugar com o apoio do PMDB e do PT.

Como recomenda a experiência de idas e vindas do processo eleitoral de 2010 no Paraná, o melhor que a constelação de interessados tem a fazer é esperar pacientemente pela fumacinha, assim como acontece nas escolhas papais. A chance de intervenções do público externo é quase nula, pois, como ocorre nas eleições papais, a decisão final está agora exclusivamente nas mãos dos cardeais.

O conclave que se reúne em Brasília a partir da tarde de hoje será formado pelos presidentes dos três principais partidos interessados no "sim" de Osmar Dias. Começa pelo manda-chuvas do seu partido, o PDT, ministro Carlos Lupi, e prossegue com a presença do presidente do PMDB e candidato a vice de Dilma, deputado Michel Temer, e do do PT, José Eduardo Dutra. O governador Orlando Pessuti, claro, não poderia faltar, assim como Osmar.

O primeiro item da pauta será a comunicação a Osmar Dias, pelo cardeal Lupi, de que o PDT não concorda que ele participe da chapa tucana de Beto Richa, dando resposta antecipada e extra-oficial à carta do senador. O segundo será a discussão da lista de exigências levada por Pessuti para abrir mão de sua disposição de candidatar-se.

Se os cardeais as aceitarem em termos razoáveis, inicia-se o detate do terceiro item, concedendo-se a palavra ao senador Osmar Dias. Todos esperam ouvir dele se, diante da proibição partidária de aliar-se ao inimigo e da renúncia de Pessuti, aceita disputar o governo mesmo sem ter como vice a petista Gleisi Hoffmann, como sempre exigiu.

Se tais condições forem suficientes e a resposta de Osmar for positiva, faltará apenas providenciar a iluminação do palco em que o presidente Lula, acompanhado de Dilma Rousseff, aparecerá sob holofotes para fazer o anúncio oficial do casamento. O que deve ocorrer antes do próximo sábado, quando os três partidos envolvidos farão em Curitiba as respectivas convenções estaduais.

Beto já procura novo vice e um candidato a senador

A partir daí – isto é, se o conclave cumprir o projeto de lançar Osmar Dias – o problema se transfere para a seara do PSDB, que terá de preencher os dois buracos deixados em sua chapa na convenção de sábado passado. Como Osmar Dias, na interpretação tucana, apenas adiara a resposta ao convite, Beto Richa não definiu a segunda vaga para o Senado e ficou também sem vice, que seria o deputado Augustinho Zuchi, indicado pelo PDT.

Para o Senado, o PSDB já deu a largada para uma frenética correria na direção de um dos seus troféus – o deputado Gustavo Fruet, que até agora vinha sendo humilhantemente preterido. Fruet já teria dado sua resposta: aceita ser candidato ao Senado, desde que seja o único apoiado pelo PSDB. Ele não pretende ter como concorrente o candidato já sagrado pelo partido, deputado Ricardo Barros, que representa o coligado PP, que Gustavo sugere para ser o vice de Beto.

As chances de o PSDB acatar as condições de Fruet são praticamente nulas, o que o levará a buscar a reeleição segura de deputado federal (em 2006, foi o mais votado no estado, com 206 mil votos). Se o parlamentar não for demovido da ideia, crescem as chances de o senador Flávio Arns – um ex-petista que voltou para o PSDB – ser chamado a preencher a vaga de candidato ao Senado. Não seria o nome dos sonhos do PSDB, mas é o que estaria "mais à mão" nesse momento. Ficaria faltando o vice. No fim de semana falava-se para ocupar a posição no nome do banqueiro e empreiteiro Joel Malucelli.

E Requião se alegra

Enquanto isso, o PMDB estadual pensa nas consequências do novo quadro. O ex-governador Roberto Requião, embora já tenha perdido para Pessuti o controle do partido, se alegra por ver Osmar Dias longe de seu calcanhar na disputa pela Senado. E trabalha para que o PMDB acate sem discussão a recomendação do Michel Temer para que o partido faça aliança com o PDT no Paraná.

Alguns deputados peemedebistas, como Luiz Cláudio Ro­­manelli e Alexandre Curi, po­­­rém, mantêm a resistência: ainda preferem uma coligação com o PSDB caso Pessuti confirme a desistência.

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