Por dois dias, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, estará a 8 mil quilômetros de distância da política paranaense. Viajou ontem para Madri, onde participa hoje de uma reunião do Banco Interamericano de Desenvolimento (BID). Amanhã, embarca de volta a tempo de dedicar o fim de semana a algo que tem feito com muito empenho e gosto nos últimos tempos articulações políticas em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência no Paraná.
Encarregado da tarefa pelo presidente Lula, foram de Paulo Bernardo as principais iniciativas para aproximar de Dilma o senador Osmar Dias, que se vira abandonado pela grande aliança partidária liderada pelo PSDB e que se bandeou para Beto Richa. A tarefa já é quase dada como cumprida pelo ministro, que tem feito questão de promover eventos com a presença da presidenciável no Paraná, sempre tendo ao lado Osmar Dias. A consolidação dessa "dobradinha" representa, contudo, apenas metade do caminho andado.
A outra metade é trazer o PMDB e o governador Roberto Requião para a mesma frente partidária de apoio a Dilma Rousseff. Porém, quem mais tem trabalhado nesta metade não é Paulo Bernardo é sua mulher, a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann.
Mas, enquanto a política rola no Paraná, neste momento Paulo Bernardo discute em Madri, sem muita pressa, um assunto que pode ter reflexos importantes no Paraná. O encontro reúne os dois lados do BID o dos doadores de recursos para a instituição (países ricos, como Estados Unidos, Japão e vários europeus) e os países tomadores de empréstimos, todos da América Latina e do Caribe.
O banco vem sendo pressionado a aumentar seu capital, dos atuais US$ 100 bilhões para, se possível, US$ 180 bilhões. Esse acréscimo possibilitaria ao BID dar maior velocidade à fila de pedidos de empréstimos que tem em sua carteira e que está andando muito devagar por insuficiência de caixa para atender todo mundo.
O Brasil, normalmente, é o destino de 25% dos empréstimos que o BID faz. Se esses financiamentos se fizerem mais depressa, projetos hoje quase parados dentre os quais alguns de Curitiba podem ser retomados ou ter seguimento mais rápido, principalmente se os interessados nos financiamentos comprovarem ter capacidade de endividamento.