Olho vivo
Complicação 1
Em nota de esclarecimento dirigida a esta coluna, o presidente estadual do PSB, Severino Araújo, informa que "o PSB do Paraná nunca declarou apoio a nenhuma candidatura presidencial fora do partido". Isto é, nunca esteve comprometido, por exemplo, com o candidato tucano José Serra, ao contrário do que supunham os desinformados analistas da política paranaense ao ver o PSB empenhado em apoiar o Beto Richa, do mesmo partido de Serra, para o governo estadual.
Complicação 2
Segundo a mesma nota de Severino ex-vereador de Uraí, na década de 70 "o PSB do Paraná declarou e mantém apoio a Beto Richa para as eleições de 2010, com o conhecimento e respaldo da direção nacional do PSB, principalmente do presidente nacional, governador Eduardo Campos". A nota não esclarece, contudo, diante do fato novo de que o PSB agora tem um candidato à Presidência, se o diretório estadual ficará encarregado de armar os palanques de Ciro Gomes no Paraná.
Complicação 3
E, se tendo de trabalhar para Ciro Gomes, estará automaticamente trabalhando contra o candidato tucano que Beto Richa apoiará. Coisa complicada esta: quer dizer que, quando Serra e Beto estiverem no mesmo palanque, Severino e o provável futuro prefeito Luciano Ducci estarão no de Ciro Gomes? Ainda não se sabe, publicamente, a opinião do governador José Serra a respeito dessa divisão. Aliás, não se sabe se Richa quis ouvir a opinião de Serra.
A coleção
O líder da oposição na Assembleia, deputado Elio Rusch, disse ontem que "o governador Roberto Requião está se transformando, neste mandato, num dos maiores colecionadores do Paraná. É uma pena que ele colecione leis inconstitucionais, derrotas judiciais e será responsável por um aumento considerável dos passivos do Estado". Ele fazia referência aos dois atos derrubados pelo Tribunal de Justiça na semana passada a lei que proibia o uso de palavras estrangeiras na publicidade e o decreto que impedia a quitação de débitos tributários com precatórios.
Por dois dias, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, estará a 8 mil quilômetros de distância da política paranaense. Viajou ontem para Madri, onde participa hoje de uma reunião do Banco Interamericano de Desenvolimento (BID). Amanhã, embarca de volta a tempo de dedicar o fim de semana a algo que tem feito com muito empenho e gosto nos últimos tempos articulações políticas em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência no Paraná.
Encarregado da tarefa pelo presidente Lula, foram de Paulo Bernardo as principais iniciativas para aproximar de Dilma o senador Osmar Dias, que se vira abandonado pela grande aliança partidária liderada pelo PSDB e que se bandeou para Beto Richa. A tarefa já é quase dada como cumprida pelo ministro, que tem feito questão de promover eventos com a presença da presidenciável no Paraná, sempre tendo ao lado Osmar Dias. A consolidação dessa "dobradinha" representa, contudo, apenas metade do caminho andado.
A outra metade é trazer o PMDB e o governador Roberto Requião para a mesma frente partidária de apoio a Dilma Rousseff. Porém, quem mais tem trabalhado nesta metade não é Paulo Bernardo é sua mulher, a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann.
Mas, enquanto a política rola no Paraná, neste momento Paulo Bernardo discute em Madri, sem muita pressa, um assunto que pode ter reflexos importantes no Paraná. O encontro reúne os dois lados do BID o dos doadores de recursos para a instituição (países ricos, como Estados Unidos, Japão e vários europeus) e os países tomadores de empréstimos, todos da América Latina e do Caribe.
O banco vem sendo pressionado a aumentar seu capital, dos atuais US$ 100 bilhões para, se possível, US$ 180 bilhões. Esse acréscimo possibilitaria ao BID dar maior velocidade à fila de pedidos de empréstimos que tem em sua carteira e que está andando muito devagar por insuficiência de caixa para atender todo mundo.
O Brasil, normalmente, é o destino de 25% dos empréstimos que o BID faz. Se esses financiamentos se fizerem mais depressa, projetos hoje quase parados dentre os quais alguns de Curitiba podem ser retomados ou ter seguimento mais rápido, principalmente se os interessados nos financiamentos comprovarem ter capacidade de endividamento.
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