"Isso é um processo, é que nem casamento. Se o noivo é precipitado, ele vai de forma muito afoita para tentar conquistar, mas pode quebrar a cara e perder." A frase, dita no Mato Grosso do Sul na semana passada, é uma daquelas bem típicas do linguagem coloquial e metafórico do presidente Lula. Neste caso, ele se referia ao esforço que o PT deve fazer para se aproximar do PMDB nos estados visando a fortalecer seu projeto principal – eleger a ministra Dilma Roussef.

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Lula leva a sério a importância de ter o PMDB ao seu lado a tal ponto que recomenda ao PT abdicar de candidatura própria nos estados se isto favorecer a aliança nacional para eleger seu sucessor. O presidente reconhece, porém, que em alguns estados esta ligação é praticamente impossível. Citou, como exemplo, o caso de Pernambuco, onde PT e PMDB são ferrenhos adversários.

E no Paraná? O Paraná não foi citado por Lula – mas é bem provável que ele pense do mesmo modo como encara a situação pernambucana. Com uma diferença: aqui, o PMDB de Roberto Requião ofereceu lascas do governo para o PT administrar. Então, em tese, já haveria uma aliança entre os dois partidos.

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Entretanto, há que se remontar a história e colocar os fatos novos para ver se a conjuntura atual ainda oferece perspectivas para a manutenção da união entre as duas siglas. Na prática, o que se deve analisar é se Lula, de olho na eleição de Dilma, se arriscaria a recomendar ao PT paranaense apoiar o candidato de Requião ao governo, o vice Orlando Pessuti, e, de quebra, ainda colocar o próprio Requião, candidato a senador, no mesmo palanque.

Não parece ser este o sonho de consumo do presidente, pois sabe que nem Pessuti nem Requião seriam capazes de agregar montanhas de voto para Dilma. Por outro lado, sabe, também, que não estaria violentando a ala que de fato manda no PT do Paraná, pois a união com o PMDB não foi construída a partir de uma decisão partidária, mas de interesses ocasionais articulados de modo pessoal principalmente pelo ex-deputado Padre Roque, em 2002.

Assim, do ponto de vista partidário, o PT não teria compromissos com o PMDB estadual ou com Requião. Nesse caso, o PT sente-se livre para, pragmaticamente, buscar encosto nos partidos e candidatos que propiciem vantagem para o projeto nacional petista.

Tarefa que o PT cumpre fazendo um jogo de exclusão. Ora, não dá para pensar no PSDB de José Serra e Beto Richa ou Alvaro Dias, dá? Também não se apresenta como conveniente a adesão a Pessuti-Requião e ao PMDB. Sobra quem? Sobra o senador Osmar Dias, do PDT.

Consolidando-se a opção por Osmar Dias (coisa que, agora, só estaria dependendo dele), restaria ao PMDB adaptar-se ao quadro. Sabe-se que, neste caso, como costuma historicamente acontecer com o partido de José Sarney, uma ala vai trabalhar pelo próprio candidato (Pessuti) mas outras vão se dividir.

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É o que já se escreve em 2009, mais de um ano antes da eleição: há uma corrente peemedebista que defende apoio a Beto Richa (com Alexandre Curi como seu vice) enquanto que outra, como diria o deputado Luiz Carlos Martins (PDT), " já se coça na cerca do Osmar Dias."

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Olho vivo

Sem Dominó 1

O Conselho de Administração da Sanepar se reúne hoje para tomar uma decisão importante que envolve a polêmica participação do grupo privado Dominó na administração da empresa, excecrada pelo governador Roberto Requião. Nesta reunião vai se tentar resolver a confusão que, desde o ano passado, impede a Sanepar de realizar uma assembleia geral para aprovar aumento de capital.

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Sem Dominó 2

O governo já fez seu lance: quer transformar em aporte acionário os créditos que tem a receber da Sanepar. O Dominó acha exagerado o valor a que o governo diz ter direito e entrou na Justiça para barrar a assembleia, sob o argumento de que sua participação (que hoje é de 39%) seria reduzida a uma insignificância. Por outro lado, o Dominó também não estaria interessado em ofertar mais capital se for para não ter comando na gestão da Sanepar.

Sem Dominó 3

A luz teria surgido na semana passada: a Copel já teria formatado uma proposta de compra do Dominó, a um valor e condições não revelados. Se o grupo aceitar a oferta, a velha bandeira brandida por Requião se realizaria: enfim, a Sanepar se veria livre da participação privada e só empresas públicas mandariam nela. A Copel já é dona de um pedaço: no ano passado, comprou a parte que pertencia aos franceses da Vivendi.