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Pode até ficar sem graça a campanha eleitoral pelo governo do Paraná se dela não participar o senador Roberto Requião, cuja mais notória habilidade é a de distribuir agressões contra adversários em particular e transeuntes em geral. Por causa dessas características, está em evolução a união dos inimigos que ele cultivou dentro do PMDB.

Daqui até o dia 20, quando se realizará a convenção, pelo menos 11 dos 13 deputados estaduais do partido prometem reforçar o trabalho de convencimento dos delegados. "Requião nunca mais" é o slogan preferido dos peemedebistas que não guardam boas lembranças da convivência com ele e que preferem que Beto Richa continue no Palácio Iguaçu.

Mas como a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário e com igual intensidade, Requião também não dá sossego e incrementa o discurso em defesa da sua candidatura. Os céus cairão contra os vendilhões, ele promete. Enquanto isso, no seu canto, Orlando Pessuti, também candidato, espera o momento de desempatar o jogo. Os votos (15%?, 20%?) que detém entre os convencionais podem decidir o futuro. Votariam em favor de Requião?

Olho vivo

"Dr. Mello" 1

Sabe aqueles jipões "off road" da marca Troller? Potentes, vistosos e caros, são o sonho de consumo dos amantes do esporte de dirigir nas piores e mais enlamaçadas estradas. Pois bem: a Secretaria de Segurança tinha quatro deles, modelos 2007 a 2009, e os colocou em leilão junto com outras 287 viaturas e sucatas da mesma secretaria, tudo de conformidade com edital publicado no Diário Oficial. A Junta Comercial indicou o leiloeiro Hélcio Kronberg para fazer o pregão, realizado no dia 6 de maio passado.

"Dr. Mello" 2

Pouco antes do início do leilão, o sr. Kronberg teria recebido uma ligação telefônica que, segundo ele, vinha de um tal "dr. Mello", determinando que retirasse os lotes correspondentes aos quatro Trollers. O leiloeiro obedeceu: conseguiu arrecadar R$ 1,7 milhão por tudo, menos os cobiçados jipões. Terminado o pregão, uma sra. de nome Josane Mello (mesmo sobrenome do "dr. Mello") chegou lá e, estranhamente, arrematou por R$ 11 mil os Trollers e os levou para casa devidamente documentados.

"Dr. Mello" 3

O espanto foi geral, nele incluídos os diretores do Departamento de Transporte Oficial (Deto) e os membros da comissão de licitação – que até hoje se perguntam: quem é esse tal de "Dr. Mello" que tem mais autoridade do que eles para pôr e dispor de bens do estado levados a leilão?

"Dr. Mello" 4

Uma coisa pode nada ter a ver com outra. Mas, coincidentemente, o Google registra frequentes confraternizações em eventos sociais entre o leiloeiro Hélcio Kronberg e o secretário da Segurança, Leon Grupenmacher, titular da pasta à qual pertenciam os carros leiloados. Relatórios chegaram ao governador, que ainda não sabe se o setor de Inteligência da Segurança é o mais indicado para descobrir quem é o "Dr. Mello".

Poder 1

Recordar é viver: em 2011, a Justiça reconheceu que a Urbs e os agentes celetistas da Diretran não podiam exercer a fiscalização do trânsito nem multar infratores. São tarefas indelegáveis do Estado que só pode ser representado por funcionários do quadro efetivo. Em razão dessa decisão judicial, o então prefeito Luciano Ducci teve de criar às pressas a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) para tirar a Urbs da incumbência.

Poder 2

A legalização não foi completa: os agentes continuaram celetistas e, portanto, sem o tal poder de polícia para fiscalizar o Estacionamento Regulamentado (EstaR). Mas agora, sob a justificativa de dar mais segurança às operações, a prefeitura credenciou a Caixa Econômica como intermediária da venda dos talões e as casas lotéricas ganharam o poder de regularizar as infrações – isto é, de evitar que os motoristas sejam multados. A dúvida que gente do meio jurídico levanta é: se nem a Urbs nem seus agentes celetistas podiam exercer função indelegável da administração pública direta, os lotéricos podem?

Discretamente

Em meio ao tiroteio que começa a tomar conta da pré-­campanha pelo governo do estado, a candidata do PT se move discretamente para conquistar a simpatia de setores do agronegócio. Na manhã desta segunda-feira, Gleisi Hoffmann se reúne com a diretoria da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a convite de seu presidente, João Paulo Koslowski. Ela busca subsídios para a Lei do Cooperativismo, da qual é relatora no Senado. De quebra, fala também dos recursos do Plano Safra.

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