As pessoas geralmente se esquecem de que, além da disputa pelo governo do estado, também estarão em jogo em 2010 duas cadeiras para o Senado Federal. Os mandatos dos senadores Osmar Dias (PDT) e Flávio Arns (PT) estão entrando agora no último ano dos oito que conquistaram na eleição de 2002. Para o lugar deles, já se apresentam alguns pretendentes.

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Como se dá historicamente, eles nunca estão sozinhos. Procuram fazer parte do esforço comum de seus partidos ou coligações para que, não apenas eles, mas o conjunto de forças que representam seja vitorioso. Assim, candidatos a senador costumam ser, ao mesmo tempo, reforços para a campanha do governador e beneficiários do prestígio dele.

Quando um partido se decide por um nome para o governo, geralmente se define também pelo(s) que disputará(ão) o Senado. A história paranaense registra exemplos perfeitos de sucesso (ou insucesso) desses casamentos. Em 1982, por exemplo, "casaram-se" José Richa e Alvaro Dias. Ganharam "de lavada" a eleição daquele ano contra outra dupla de aparência tão ou ainda mais naturalmente simbiótica – Saul Raiz para o governo e Ney Braga para o Senado.

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Agora, às vésperas de 2010, procuram-se "duplas", ou melhor, "trios" (já que são duas as vagas de senador em disputa) de candidatos que possam se ajudar mutuamente. A ajuda mútua não se dá apenas pela afinidade do candidato a governador com o pretendente ao Senado – como se deu, para ficar no mesmo exemplo de 1982, entre Richa/Alvaro e Saul/Ney. Dá-se também pelas conveniências estratégicas das grandes alianças partidárias em fase de montagem em torno dos dois principais candidatos majoritários – o à Presidência da República e o ao governo do estado.

Eis, então, hipoteticamente, que seja lançada a dupla José Serra e Beto Richa de um lado e, de outro, Dilma Rousseff e Osmar Dias. Ambas as "dobradinhas" precisam reforçar suas chances, primeiro, com partidos fortes que lhes dêem mais tempo de televisão e maior estrutura (prefeitos, diretórios montados, vereadores, etc.). E também precisam de bons candidatos a senador ao seu lado.

Vai daí que, no primeiro caso, já se apresenta como postulante preferencial ao Senado para figurar ao lado de Serra/Beto Richa, ambos do PSDB, o também tucano Gustavo Fruet – parlamentar com três brilhantes mandatos sucessivos na Câmara Federal, o último deles conquistado com a força de mais de 200 mil votos. Quem mais? Depende da aliança partidária que o PSDB conseguir firmar no Paraná.

O DEM, que nacionalmente está associado ao PSDB, no plano estadual se aproxima mais de Osmar Dias. Nesse caso, ao lado de Osmar poderá estar o deputado federal Abelardo Lupion, um dos líderes ruralistas de maior atuação no Congresso. E também o deputado federal do PP Ricardo Barros, autoproclamado candidato mais propenso a figurar também na tropa de Dilma/Osmar por causa das ligações de seu partido com o presidente Lula – de quem, aliás, é um dos vice-líderes.

No arco partidário a ser construído em torno da provável dobradinha PDT-PT no Paraná, aparece outro nome importante: o da presidente estadual petista Gleisi Hoffmann. Na eleição passada, já disputou o cargo e somou 2 milhões de votos, nos calcanhares do eleito Alvaro Dias.

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Já o PMDB, que deve sacramentar o vice Orlando Pessuti como candidato ao governo, terá Roberto Requião para o Senado. Forte candidato se, mesmo depois de acabar a tinta da caneta com que exercita o seu mando, conseguir manter ainda o mando do partido e o prestígio que detém nos grotões mais pobres do estado.

Basicamente, portanto, estas seriam as chapas:

• José Serra e Beto Richa, com Gustavo Fruet para o Senado;

• Dilma e Osmar Dias, mais Gleisi, Lupion e Ricardo Barros como senadores;

• Orlando Pessuti para governador, Requião para senador.

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É claro que as probabilidades de ocorrer variações neste quadro de cabeças de chapa para o governo estadual são muitas, como, ainda na sexta-feira, demonstramos nesta coluna. Aqui continuamos trabalhando com as hipóteses que, no momento, são as mais correntes. Tudo pode acontecer. Pode acontecer de o PSDB substituir Beto por Alvaro ou Osmar Dias; pode acontecer de Osmar, se o irmão for candidato, decidir tentar seu quarto mandato de senador. Tudo pode acontecer.

Seja, porém, qual for a hipótese a se realizar, o que se vê é que Requião não terá tantas facilidades para eleger-se senador quanto se apregoa, apesar de serem duas as vagas. Além de bons de voto, são muitos os adversários a dividir o eleitorado. Eles não vão se conformar apenas com a "segunda cadeira" imaginando ser inevitável a vitória de Re­­quião para a "primeira". Com o time que já se apresentou, as duas vagas serão certamente disputadas no "tapa".