Olho vivo
Quem governa 1
Ao contrário das CPIs que sempre acabam em pizza, no Paraná quase todas as decisões importantes do governo acabam na Justiça. Até parece que é a Justiça e não o Executivo que governa o estado. O penúltimo (penúltimo porque nunca se sabe quando será o último) é o que envolve a compra da draga para Paranaguá. O negócio está enrolado na Justiça Federal porque um dos participantes da licitação quer anulá-la por irregularidades.
Quem governa 2
Na última sexta-feira, o desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, reconheceu em sua decisão que a comissão de licitação desconsiderou "o fato (provado por documentos) de que a APPA se recusou, de forma ilegítima, a realizar a vistoria completa do equipamento oferecido pela Agravante [Intefabric]. Com isso, a APPA conseguiu atribuir a vitória à Global Connection, que apresentou a proposta R$ 2 milhões mais cara do que a da Agravante e sem toda a documentação exigida pelo Edital."
Quem governa 3
E prossegue o desembargador: "Assim, o ato coator ofendeu os princípios da razoabilidade, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo, da impessoalidade, da eficiência e da moralidade administrativa (previstos na Lei 8.666/93 e na Lei Estadual 15.608/07). Enfim, ao declarar vencedora a Global Connection, a APPA confirmou a suspeita de direcionamento do certame."
Não se sabe bem se é torcida, simples pressentimento ou informação séria a mensagem que o governador Roberto Requião postou em seu Twitter, na internet, segundo a qual a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, será mesmo indicada para vice de Osmar Dias, do PDT. E que, diante disso, chegou a hora de Orlando Pessuti, do PMDB, pensar num nome para ser seu companheiro de chapa.
É visível que Requião está se lixando para fazer de Pessuti o seu sucessor. Enquanto viaja Brasil afora brincando de candidato a presidente da República, na verdade quer mesmo é aproveitar a chance de eleger-se senador com facilidade. Daí a hipótese de que a mensagem no Twitter está mais para torcida do que para informação: ele torce para que Gleisi não dispute o Senado e concorra a vice de Osmar.
A torcida tem fundamento. Se o PSDB for inteligente, lançará Gustavo Fruet nome que poderá crescer e atrair o considerável segmento do eleitorado que não vota de jeito nenhum em Requião e tem ojeriza ao PT. O prestígio nacional que conquistou como deputado federal, somado a uma boa campanha, coloca Fruet, portanto, na posição de forte candidato a conquistar uma das duas vagas.
Diante disso, a outra parte do eleitorado dividirá seus votos entre Requião e Gleisi com um detalhe importantíssimo: ninguém duvida que, para o PT paranaense, mais do que eleger Osmar Dias, as prioridades são as de garantir boa votação para Dilma Roussef e... e a vitória de Hoffmann! Lula e a máquina petista estarão a postos para torná-la senadora.
Logo, a campanha de Requião, agarrado somente à fragilidade de Pessuti, cabeça da chapa peemedebista, pode sofrer um perigoso processo de emagrecimento ao longo da campanha.
Com a experiência da apertadíssima eleição de 2006, quando derrotou Osmar Dias por esquálidos 10 mil votos, o governador não esconde o desejo de que o PT tire Gleisi do seu caminho. Para ele, esta é a fórmula mais certa para livrar-se de um provável sufoco. Em troca, deixa de fazer afagos ao tucano José Serra e abraça de vez a campanha de Dilma.
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E quanto ao vice de Pessuti? Taí uma coisa, lembrada agora pelo governador, de que pouco se falou até hoje. Puxa! é mesmo! Quem será o vice de Pessuti? Nos últimos oito anos, o PMDB paranaense acabou ficando sem partidos aliados. Até mesmo o PT, que ainda divide o governo, procura um adversário de Requião para ser seu sucessor.
Restaram praticamente apenas dois partidos ao PMDB o PCdoB e o PV. Todos os demais posicionam-se ao lado do PSDB de Beto Richa ou estão dispostos a engordar a aliança PDT/PT de Osmar Dias.
O PV não poderá ser vice de Pessuti, já que terá candidato próprio o funcionário Mello Viana, que em eleições anteriores fez figuração em favor de Requião. Do PCdoB, o nome mais forte é o do ex-secretário de Esportes, Ricardo Gomyde, que se tornou desafeto do governador ao ser demitido por demonstrar simpatia a Richa.
Sobraria ao PMDB, então, sair de "chapa pura". Quem arriscará a carreira para abraçar essa missão? Um nome lembrado é o do próprio presidente do partido, Waldyr Pugliesi um dos raros deputados que restaram na trincheira de Pessuti.
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