A adversidade não os transformou (ainda) em adversários: o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, procurou ontem o senador Osmar Dias para convidá-lo a participar de uma espécie de força-tarefa para acabar com a dívida e a multa que castigam as finanças do Paraná. A primeira reunião do grupo está marcada para as 16 horas do próximo dia 13, no gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, agendada a pedido do governador Orlando Pessuti, que, obviamente, estará também presente.
Pela primeira vez em sete anos, a questão será tratada com a seriedade, a objetividade e diálogo político civilizado comportamento que faltou ao ex-governador Roberto Requião em sua luta movida a discursos e ações judiciais inúteis para livrar o Tesouro estadual da sangria mensal de R$ 68 milhões provocada pelo não pagamento dos títulos públicos entregues ao banco Itaú no processo de privatização do Banestado.
Como lembram Pessuti e Osmar Dias, o problema é muito mais grave do que se imagina. A persistência da demanda sem solução poderá levar o Itaú a executar a dívida cujo montante, hoje, chega a R$ 9 bilhões e apropriar-se de ações da Copel que lhe foram dadas em garantia. Na prática, o Itaú passará a controlar o capital da Copel uma privatização indireta da empresa.
A ideia é fazer passar o quanto antes, no Senado, o projeto de resolução proposto há dois anos pelo senador Osmar Dias, pelo qual a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) deixa de exercer o que a resolução vigente determina isto é, fazer o papel de "cartório de protestos" em favor do banco Itaú. Atualmente, a STN retém parcelas mensais da dívida, de R$ 62 milhões, e ainda aplica R$ 6 milhões de multa em cima de um negócio que deveria ser resolvido apenas entre duas partes, o próprio banco e o governo paranaense.
O projeto de resolução encontra-se ainda em mãos do relator, o senador baiano ACM Jr., da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. A mesma força-tarefa se encarregará de convencer a CAE e os demais senadores para sua rápida tramitação e aprovação. Em sua ida a Brasília na semana que vem, Pessuti, Osmar e Paulo Bernardo farão uma via-sacra entre outros gabinetes, dentre os quais o do presidente do Senado, José Sarney.
Se o esforço der certo, sobrará a lição: um mês de bom diálogo vale bem mais do que sete anos de muita briga.
Olho vivo
O gestor
A exemplo do que fez o prefeito Beto Richa, quando da crise provocada pelas denúncias de caixa-2 em sua campanha eleitoral (o caso ainda não concluído do comitê de dissidentes do PRTB), também o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nelson Justus, criou um grupo informal para ajudá-lo a enfrentar a tempestade que assola sua gestão. Ontem, juntou-se ao grupo o jornalista Alexandre Teixeira. Designado "gestor da crise", a ele competirá sugerir medidas para tornar menos doloroso o calvário de Justus.
Inversão 1
Com desprendimento pouco visto entre políticos, o ainda então vice-governador e pré-candidato a governador Orlando Pessuti dispunha-se a ser o "segundo palanque" de Dilma Rousseff no Paraná. Considerava que o primeiro deveria ser mesmo o de Osmar Dias diante da aliança que parecia fechada entre o PDT e o PT. De repente, a aliança se desmanchou. Pessuti passaria, então, naturalmente, à posição de "primeiro e único" palanque?
Inversão 2
Não é bem assim. Se antes foi preciso se oferecer, esperando, pelo menos, respostas mais entusiasmadas, agora já não sente tanta necessidade de colocar-se à disposição. Ao contrário, espera até ser procurado para conversas mais consistentes quanto a uma eventual união de forças com o PT. Sabe, no entanto, que há problemas: se o PT quiser um acordo, terá de carregar junto a candidatura de Roberto Requião para o Senado, na companhia de Gleisi Hoffmann. E isto, decididamente, não é do gosto de quem manda no PT paranaense.
Rapidez
O novo prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, reuniu ontem secretários e assessores. Ouviu muito, deu sugestões e fez recomendações. A principal das recomendações: quer mais agilidade nos processos de licitação da prefeitura. Tem razão: quase todas as principais licitações estão emperradas. A das funerárias, há três anos; a do lixo, não só sofreu paralisações e ações judiciais, como acabou sendo suspensa. A do transporte coletivo, idem. E assim por diante.
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