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Olho vivo

Família 1

É de cerca de R$ 100 mil por mês o salário que a Câmara Municipal de Curitiba paga aos cinco servidores identificados como parentes do seu presidente, o vereador João Cláudio Derosso. São três irmãs, um sobrinho e um cunhado, comissionados em cargos classificados como 307-K e 313-K, que fazem os rendimentos da família beirarem a casa do R$ 1,5 milhão por ano.

Família 2

A renda só não é maior porque saíram da folha da Câmara a mulher de Derosso, Cláudia Queiroz (exonerada em 2006), e a sogra, Noêmia Queiroz, exonerada em 1.º de setembro de 2010. Ela ocupava função de assistente parlamentar da presidência desde 2006, símbolo CC-10. No mesmo dia em que deixou a Câmara, dona Noemia foi nomeada para exercer função de confiança na prefeitura de Curitiba, símbolo C-7.

Protesto

O deputado Fabio Camargo pretende repetir a experiência de ser candidato a prefeito de Curitiba. Ele já concorreu em 2008, quando obteve 0,53% dos votos. Ontem, ele desautorizou o presidente do PTB, deputado Alex Canziani, que declarou apoio à reeleição de Luciano Ducci. Camargo diz considerar este suposto acordo um desrespeito, pois, embora deputado e pertencente ao partido, não foi ouvido. Se necessário, afirma, pedirá a cassação de Canziani por estar fazendo campanha antecipada, o que é proibido por lei.

Se quiser, a prefeitura de Curitiba já detém as condições jurídicas necessárias para colocar em pé o projeto do Sipar – o sistema de industrialização do lixo da capital e de 17 outros municípios da região metropolitana. Basta chamar a construtora Tibagi – que assegurou na Justiça a condição de vencedora da concorrência internacional para a implantação do sistema.

A decisão tem ainda caráter liminar, mas foi removido na semana passada pela 4.ª Câmara do Tribunal de Justiça o último obstáculo jurídico que contestava a habilitação da Tibagi. Acórdão relatado pelo desembargador Luiz Carlos Xavier negou o recurso impetrado pelo consórcio Pró-Ambiente, um dos seis participantes da concorrência realizada em 2010. Com isso, fica valendo o que já decidiu há mais de um ano o Tribunal de Contas.

E o que decidiu o Tribunal de Contas? Que os dois primeiros colocados naquela concorrência, os consórcios Recipar e Paraná Ambiental, não alcançavam as pontuações técnica e de preço necessárias para obter aquelas classificações que lhes foram atribuídas pela comissão de licitação. Por esse motivo, o TC declarou nulo o resultado da concorrência – o que, na prática, como preceitua a Lei das Licitações, confere ao terceiro colocado, a Tibagi, a condição de vencedora final do certame.

Recursos contra essa decisão ainda podem ser interpostos tanto pela prefeitura de Curitiba – que preside o consórcio de municípios metropolitanos – quanto pelas empresas que se considerarem prejudicadas. Podem recorrer a outras instâncias e não seria nada improvável que a causa fosse levada aos tribunais superiores – num rito processual que pode demorar até uma década para transitar em julgado.

Na opinião, porém, do advogado Fernando Vernalha, que representa a Tibagi, a administração pública não precisa esperar tanto tempo: pode se valer da decisão liminar para levar à frente a obra que considera essencial. O que significa que, se pretender resolver logo o problema, os municípios metropolitanos já detêm o direito de assinar contrato com a Tibagi, com validade para 25 anos.

A abertura da licitação se deu em 2007 quando o governador Beto Richa era prefeito de Curitiba. Mas o processo já nasceu enrolado em ações judiciais. Foi somente no fim de 2009 que o resultado foi proclamado, dando como vencedor o consórcio Recipar, comandado pelo empresário Salomão Soifer, dono do Shopping Müller.

O Tribunal de Contas, porém, contestou o resultado, ao mesmo tempo em que outras pendências tramitavam na Justiça. Por isso, desde então, se encontrava suspensa a assinatura do contrato de gestão da indústria de reciclagem.

O Sipar foi concebido para substituir o antiquado sistema de aterros sanitários. O projeto prevê que as mais de 2 mil toneladas de lixo produzidas pelos municípios integrantes do consórcio sejam destinadas à industrialização. A promessa é que 94% dos dejetos urbanos serão reciclados, transformados em adubo ou em material energético em substituição a outros combustíveis.

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